Por um Porto mais ciclável e acessível

A dependência do automóvel, fomentada durante décadas, tem-se revelado uma opção desadequada, na medida em que não só não responde às necessidades de mobilidade e de qualidade de vida urbana, como as limita. Uma mobilidade urbana centrada no automóvel privado, para além de causar elevados níveis de poluição do ar, redunda numa ocupação esmagadora e opressiva do espaço público, e impede uma mobilidade fluída e de qualidade para todos. Tem como consequência os atrasos provocados por longas filas de trânsito, a baixa eficiência do transporte público rodoviário, e um ambiente hostil e desagradável para quem se desloca a pé, de bicicleta e, particularmente, para pessoas com mobilidade reduzida.

Queremos reconhecer o esforço iniciado pela Câmara Municipal do Porto (CMP) nos últimos meses, criando espaço para que modos de mobilidade ativa tenham lugar no espaço público, nomeadamente a bicicleta, e encorajá-la a continuar nesse sentido.

Para a continuação desta mudança de paradigma na mobilidade da cidade, a MUBi Porto propõe a adopção das seguintes medidas pela CMP, a propósito da discussão do PDM:


- Redução do limite máximo de velocidade para 30km/h na cidade, com excepção de algumas vias estruturantes, através do desenho urbano (ex. passadeiras elevadas, estreitamento de ruas, passeios contínuos, viragens à direita e esquerda com cantos de passeios a 90º e não arredondados).

- Expansão da rede estruturante de ciclovias para 100km durante o ano de 2021, densificando globalmente a rede.

- Impedir o estacionamento ilegal (ex. nos passeios, em ciclovias) com mais e melhor comunicação, fiscalização e punição.

- Instalar câmaras e/ou radares fixos de controlo de velocidade nos semáforos de vias estruturantes (ex. Av. Fernão de Magalhães, Rua da Constituição, Rua Dr. Roberto Frias, Av. França, Av. Boavista, Rua Júlio Dinis).

- Criar estacionamento para bicicletas em toda a cidade, substituindo em cada rua pelo menos um lugar de estacionamento automóvel por estruturas de parqueamento de bicicletas.

- Permitir o duplo sentido ciclável nas ruas de sentido único para o tráfego motorizado, quando necessário criando condições que salvaguardem a segurança.

- Investir, na próxima década, numa solução pública de transportes suaves (bicicletas e trotinetas).

- Alargar a permissão de circulação de velocípedes na maioria das faixas BUS.

- Criar mais ruas pedonais e assegurar pelo menos 1,5m de largura útil livre em todos os passeios, de acordo com a exigência legal.

- Fomentar a criação de cruzamentos e passadeiras elevados, bem como enfatizar a prioridade dos modos ativos, através de tipos de acabamento e pintura do pavimento.

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