Pela recuperação do Lavadouro Público do Alto do Pina e a sua integração no Jardim Bulhão Pato
Para: Câmara Municipal de Lisboa
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Exmos. Srs. Vereadores da CML
Exma. Sra. Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa
Exmos. Srs. Deputados da AML
Exma. Sra. Presidente da Junta de Freguesia da Penha de França
Exmos. Srs. Membros da Assembleia de Freguesia da Penha de França
O lavadouro público situado num lote municipal na Rua Luís Monteiro, confinando com o Jardim Bulhão Pato (conhecido também por Jardim da Nêspera) encontra-se abandonado há mais de 20 anos. Há cerca de 10 anos uma parte da estrutura da cobertura ruiu mantendo-se o tanque hexagonal em betão intacto, bem como o embasamento em pedra da estrutura que suporta o telheiro, em planta retangular, perpendicular à via. A sua edificação deverá situar-se nas duas primeiras décadas do século passado, preservando um século de memória.
Na cidade de Lisboa são conhecidas duas situações onde o poder local decidiu preservar essa memória dando-lhe novos usos. Os Lavadouros de Alfama, muito visitados por turistas e onde se realizam eventos culturais (fado/poesia) e o Lavadouro de Carnide que foi recuperado, incluído no inventário do património cultural da freguesia e utilizado para inúmeras atividades e programas culturais. O Lavadouro do Alto Pina, como o de Carnide, faz parte de um conjunto de construções públicas que procuravam dar resposta ao crescimento dos bairros, trazendo para as cidades um elemento que fazia parte há séculos da paisagem rural do país, onde os podemos ver ainda, na interseção dos caminhos, junto a chafarizes, fontes e tanques.
As cidades muito mudaram nestes cem anos, não há lavadeiras de Caneças a trazerem e levarem a roupa dos lisboetas. No tanto que mudaram continuam a precisar das mesmas coisas, uma delas é o espaço público de usufruto comum e partilhado, neste caso ao nosso alcance com a característica de ser uma construção que qualifica esse usufruto pela sua singularidade arquitetónica e histórica. Singelo e sem o uso original, é portador ao mesmo tempo de uma memória que podemos transmitir para além dos relatos escritos e preservar para além de nós. Lavar a roupa em conjunto era um momento de vida em comum, encontro e criação de espaços de comunidade. Manter e dar novos significados e usos a este património é lembrar também a comunalidade e fazer dela uma condição para o presente e futuro.
Os signatários vêm pedir a recuperação do Lavadouro (tanque, embasamento, suportes/pilares e estrutura do telhado, as paredes em alvenaria poderiam ser retiradas para permitir um espaço aberto compatível com a integração no jardim com a sua livre circulação) e a sua integração no jardim confinante, separados hoje por um muro.
Lisboa, dezembro de 2024
[subscrição em papel e online)
https://lavadourodoaltodopina.blogspot.com/
Na cartografia levantada pela CML existem 19 lavadouros identificados na cidade (geodados)
