Petição Língua Gestual Portuguesa (Formadores e Intérpretes)
O Intérprete de Língua Gestual Portuguesa é um profissional especializado na tradução e interpretação e é uma personagem-chave na garantia da acessibilidade aos membros da comunidade surda, proporcionando uma comunicação clara entre surdos e ouvintes.
Nas Escolas de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos, o intérprete faz a ponte entre alunos e professores, alunos surdos e ouvintes, professores surdos e colegas professores, e todos os outros membros da comunidade educativa.
No modelo da Educação Bilingue, vigente em Portugal, os intervenientes na educação do aluno surdo são variados, profissionais de diferentes áreas, que nunca têm um domínio absoluto da LGP. As escolas dão cursos de iniciação para que qualquer interessado possa aprender as saudações e algum vocabulário básico, mas esse conhecimento está sempre muito aquém da proficiência necessária para transmitir conversas elaboradas, que vão para além do discurso simples, ou aulas de qualquer matéria lecionada. Apenas o intérprete garante a igualdade de oportunidades entre alunos e docentes surdos e alunos e docentes ouvintes.
As funções de lecionação da LGP e interpretação da LGP devem ser atribuídas a dois profissionais em separado, respetivamente, o docente de LGP e o intérprete de LGP. Cada um destes profissionais tem competências específicas para apenas uma das áreas, pelo que não pode haver confusão de papéis.
Havendo incorreções nas funções atribuídas a intérpretes, nomeadamente a atribuição de tempos de formação em LGP (que são apenas competência dos docentes de LGP), as escolas que incorrem nesses erros deverão ser chamadas à atenção. Uma melhor definição legal do perfil do intérprete na escola, mais aprofundada do que a informação que consta do Decreto-Lei 3/2008, poderá também salvaguardar docentes e intérpretes.
Nas Escolas de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos, o intérprete de LGP é considerado uma Necessidade Residual, tal como os docentes de LGP, pelo que nenhum destes valiosos profissionais tem uma carreira digna nem um vencimento de acordo com a sua formação de técnico superior.
Assim sendo, docentes e técnicos realizam muitas vezes outros trabalhos pontuais, por conta própria, para manterem um nível de vida minimamente confortável. É necessário trabalhar em conjunto com as instituições de surdos, as instituições dos intérpretes, para a elaboração de uma carreira digna para ambos os profissionais. Intérprete e Docente, ambos são cruciais na vida da criança e jovem surdo e no seu conhecimento sobre o mundo surdo e mundo ouvinte.