Por uma Costa de Santo André menos esquecida, mais dinâmica, mais cultural, mais tradicional, mais organizada, com mais estacionamentos e melhores condições de acesso

A minha infância foi vivida entre a aldeia de Deixa-o-Resto, Santiago do Cacém e Lagoa de Santo André(vou-lhe chamar assim apesar de saber que o mais correto é "Costa de Santo André")

No meio da natureza, tradições e desenvolvimento quanto baste, cresci na lagoa . Bons momentos ali vivi.
Em pequeno, ou se quiserem, sendo eu ainda um gaiato, amei a lagoa e esse era um local que me fascinava. Com a adolescência outros motivos me levavam ali: os bares na areia, a discoteca (mais acima), os amigos na praia, a animação noturna e o convívio que ali se gerava. Agora com 42 anos o que me leva à lagoa de santo andré é fundamentalmente dar a oportunidade aos meus filhos de usufruirem do mar e a lagoa.
Mas muitas coisas se alteraram no ultimos 30/40 anos e fico preocupado com estado atual da zona, é certo que temos passadiços novos, mas isso não implica uma melhoria substancial, porque tudo o resto que existia na minha infância e na minha adolescência...desapareceu, e pior que isso, novos problemas apareceram:

PÓ, LAMA,ESSÊNCIA E PASSADIÇOS

Deram-nos passadiços novos só que tiraram a essência da nossa lagoa.
Deram-nos um estacionamento ordenado mas desorganizaram o resto.
Deram-nos pó e deram-nos carros pintados da mesma cor que o pó.
Deram oportunidade às auto-caravanas de ultrapassarem os limites traçados.
Mas também nos deram lama, só que esta já depende da altura do ano.

CUSTO DA FATURA DA ÀGUA

Deram-nos ainda mais pó, nomeadamente ao bar e restaurantes junto à estrada, que dessa forma, digo eu, aumentaram o seu custo da fatura com água, porque queriam continuar a proporcionar algum conforto às poucas pessoas que lá vão ou que querem estar na esplanada tendo a infeliz oportunidade de observar, não o mar, mas uma nuvem de “fumo” (algumas vêm pó!) no horizonte…

Deram-nos plantas no estacionamento, mas esqueceram-se que as mesmas precisam de água para sobreviver.

Deram-nos UM chuveiro... e em agosto deverá fazer fila daí até aquele dito "bar" na praia!
(se não lhe quiserem chamar "bar" ,podem chamar-lhe "mono", estou a falar dessa coisa instalada no areal da praia parecida com um veleiro sem velas).
Os "No art limit" (para quem não sabe, aqueles que desenharam/pintaram e bem as paragens) poderiam ter alguma palavra a dizer no melhoramento visual desse mono.

PESCADORES E REMOLHÕES COM COIMAS E SEM MINHOCAS

Aos poucos eliminaram-se os pescadores, atribuindo-lhes uma licenças limitadas, para que meia dúzia deles pudesse continuar a acreditar que a Lagoa ainda existia e também para puderem continuar a utilizar o seu remolhão mas agora já quase sem minhocas, para pescar as enguias ou as erozes (como quiserem). Isso foi só para inglês ver ou espanhol (este ano não vi ingleses, mais espanhóis).

Também presentearam os mesmos pescadores com multas/coimas até 20000 euros por pescarem 30 minutos depois da hora limite (sim, isto também tem horas limite para se pescar). Muitos desses pescadores, já reformados, que auferem uma miséria de 300 euros mensais.Isto de ser Reserva Natural é bonito porque defende a flora e a fauna mas é "muita lixado" quando não há sensibilidade para entender ou perceber os interesses e as necessidades da população local.

ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO

Tiraram a juventude das ruas da lagoa à noite (bela década de 90 em que havia vida ali!)
A minha juventude pôde disfrutar da lagoa nesse aspecto mas as gerações seguintes, como por exemplo os meus filhos, provavelmente não vão ter essa oportunidade.

A juventude dispersou, tiraram os bares da lagoa, sim aqueles que davam animação, pela noite dentro, nas areias da praia.Tiraram a animação que era frequente haver com grupos musicais amadores e até estrangeiros, coisa que naquela altura era pouco usual em Portugal, mas até isso valorizava o local.

DERAM-NOS POKEMONS

Mas nem tudo foi mau, agora os nossos filhos, e não só, vão puder ir até à praia de passadiço, alguns com telemóvel na mão, à procura dos pokemons (bichinhos virtuais). Tal benesse tem um lado menos bom: obriga-os a fazer menos esforço, pois já não têm de caminhar na areia à procura do pokemon e dizem que o esforço é fundamental para se atingir objectivos nos dias de hoje! Ah, e até podem cair dos passadiços.

Pergunto, o que aconteceu para se construir passadiços sem uma consequente melhoria do espaço envolvente?
Aqueles mesmos que se perdem de vista, quase até Melides, servirão para desviar ainda mais as pessoas do centro da questão?

DEIXA-O-RESTO

E o resto Sr. Presidente ?

Quero-lhe perguntar, Onde ficou o resto ? À espera de algum futuro investimento externo à Câmara ? Algum interesse externo/interno "muito grande" nessa situação? Da forma como estes novos melhoramentos ficaram, dá a entender que interessa que as pessoas se desinteressem pelo local ou deixa o resto para outros momentos politicos?

A CONTINUAÇÃO DO INICIO DO FIM

A desilusão apoderou-se de mim assim que voltei este ano à Costa de Santo André. Não vou esconder que estava com altas expectativas quando ouvi falar em requalificação, mas depressa baixaram quando vi o estado em que ficou o local.

Continua a não haver algo que o turista, ou outro sem ser turista, possa levar da lagoa para dizer que lá esteve (só o pó, mas já me estou a tornar repetitivo)
Não há uma "barraca" sequer, de souvenirs, seja do que for, não há nada que me possa fazer lembrar que lá estive e hoje a sociedade é tão consumista...
Não há algo, seja exposições, seja outras demonstrações culturais, que mostre às pessoas que aqui chegam os costumes e tradições da região.

Já que falo em costumes e tradições, pergunto-lhe pela casas tipicas da lagoa…


O CORTAR DAS FITAS E O CHAMPANHE (FORA DE PRAZO)

Vi o Sr. Presidente na inauguração dos passadiços, vi o Sr. Presidente satisfeito a comer enguias no "festival da enguia", numa casa conceituada na lagoa por isso pensei, é desta, é desta que a nossa lagoa vai ter aquilo que merece, aquilo que precisa, porque finalmente entendeu-se que “ela” é importante para o desenvolvimento do Concelho atraindo não só mais turistas para a região como também investimento, contribuindo para uma melhoria do nível de vida das populações locais. Pois novamente digo, as expectativas saíram frustadas.
Não o vi à noite nos bares que já existiram na areia …não o vi na discoteca, se o tivesse visto por lá, agora compreenderia, ainda menos, porque razão se acabou com o divertimento/animação na Lagoa.

Se quisesse fazer bem e/ou melhor, não o teria feito pela "sua" Lagoa de Santo André?
só que provavelmente o objetivo foi construir uma jangada porque alguém, mais tarde, poderá vir a construir um navio com mão de obra mais barata.

A única praia do Concelho e sinto que a tratou sem carinho.Se calhar foi falta de amor.
Construir passadiços foi só como que apenas uma paixão,se não se alimenta a paixão, raramente vai haver amor.

Fiquei triste com esta mudança e chorei, sabe, chorei porque ao levar com tanto pó nos olhos, era difícil não cair uma lágrima.

Devolva a Lagoa a quem realmente gosta dela!

E devolver a Lagoa a quem dela gosta é pelo menos tentar remendar/colar aquilo que foi rasgado da história.

Por tal fato é feito a presente petição publica com vários pedidos/sugestões:

a)melhoramento do pavimento que liga a ultima rotunda até à zona dos restaurantes;

b)incentivo para a abertura de locais sazonais de diversão/animação, entre outros, bares na areia da praia (que existiam na década de 90) com infraestruturas adequadas e ligações à rede de esgotos;

c)incentivo local para implementação de negócios sazonais que permitam diversão dos utentes da praia (aluguer de caiaques, barcos sem motor, como já existiram, e outros) dentro de uma zona devidamente delimitada de modo a não interferir com banhistas ou espécies protegidas

d)incentivo para implementação de negócios que permitam a venda ou exposição de artigos alimentares e não alimentares, e lembranças com motivos regionais;

e)maior dinamização da zona com incentivos a concertos musicais (bailes e outros grupos musicais) nas várias estações do ano (e não só no verão)

f)uma reunião em assembleia com as diversas entidades relacionadas, para obter soluções para os vários edifícios obsoletos no local (antiga discoteca, antigo hotel)

g)mais actividades culturais (além da biblioteca itinerante de verão), trazendo o teatro e outras atividades artísticas à lagoa para desta forma trazer mais pessoas nomeadamente crianças à lagoa.

h)criação de um espaço próprio para estacionamento da auto caravanas e aumento do espaço de estacionamento para as viaturas ligeiras e viaturas motorizadas.

i) terminal de levantamento automático

j) acessos a pessoas com mobilidade reduzida (do ponto onde termina os passadiços até ao mar/lagoa)

l) limpeza e higienização diária dos Wc de apoio à praia.

m)melhores acessos a ambulâncias de modo a aproximarem-se o mais possivel da zona de banhos

n) não esquecendo os pescadores, uma participação mais ativa destes durante a elaboração das medidas de gestão de pesca na Lagoa (Editais e outros) tal como já acontece em alguns paises da UE, Austrália e EUA. Além de melhorar a eficácia da gestão pesqueira também promove a sua sustentabilidade, potenciando o desenvolvimento das comunidades e do setor da pesca.

Qual a sua opinião?