Petição pela Preservação do Edifício sede da União de Freguesias de Igreja Nova e Cheleiros, Mafra
Para: Ex.mo Senhor Presidente da República Portuguesa, Presidente da Assembleia da República, Primeiro Ministro, Presidente da Câmara Municipal de Mafra e Presidente da União de Freguesias de Igreja Nova e Cheleiros
Num tempo em que se promove, e com razão, a valorização do património e da sustentabilidade, torna-se difícil compreender a decisão de demolir o edifício da antiga Escola Primária João Luís de Moura datado de 1930 — atualmente sede da União de Freguesias de Igreja Nova e Cheleiros, no concelho de Mafra. Este não é um edifício qualquer: é um símbolo da memória coletiva da comunidade, um marco afetivo e histórico para muitas gerações.
Foi neste espaço que estudaram os nossos pais, avós e bisavós. Aqui aprenderam-se as primeiras letras, abriram-se horizontes e construíram-se os alicerces de muitas vidas. A sua presença continua a evocar uma identidade local que não pode ser simplesmente apagada para dar lugar ao novo, como se a memória fosse um obstáculo ao progresso.
A decisão de demolir para construir de raiz uma nova sede levanta questões fundamentais. Porquê destruir um edifício com valor simbólico e histórico, quando é perfeitamente possível adaptar e reabilitar o existente às exigências dos dias de hoje? Há inúmeros exemplos em Portugal e na Europa de edifícios centenários que, respeitando a sua traça original, foram modernizados para garantir acessibilidade, eficiência energética e funcionalidade. Preservar não é impedir o progresso — é integrá-lo com respeito pela herança comum.
O principal argumento do executivo da União de Freguesias, prende-se com o facto de que a escola foi construída com materiais reaproveitados de outra escola demolida em Mafra, mas isso não desqualifica o edifício. Antes pelo contrário: atesta uma prática comum da época, em que o reaproveitamento de materiais era sinónimo de bom senso, economia e respeito pelo esforço coletivo. Este facto, longe de desvalorizar a construção, inscreve-a numa narrativa de engenho e adaptação que hoje se valoriza mais do que nunca.
Importa ainda questionar a real necessidade de um novo edifício. Na mesma freguesia, em Cheleiros, existe já uma infraestrutura praticamente nova, com boas condições. Não faria mais sentido otimizar os recursos existentes, evitando gastos públicos desnecessários e proteger simultaneamente um património com valor histórico e afetivo? Não será este o momento ideal para mostrar que a eficiência e a memória podem caminhar lado a lado?
A antiga Escola Primária João Luís de Moura, na Igreja Nova representa mais do que um passado encerrado — representa uma ligação viva ao que fomos, ao que somos e ao que queremos deixar aos que virão. É um bem comum, construído com esforço, habitado por memórias, e ainda hoje perfeitamente capaz de servir a comunidade, desde que se invista numa reabilitação cuidada e inteligente.
É tempo de repensar esta decisão. De ouvir a população. De dar voz aos que reconhecem que a verdadeira modernidade não está em destruir o antigo para construir de novo, mas sim em preservar com visão, integrando o valor do passado nas necessidades do presente.
Preservar não é parar no tempo. É dar-lhe sentido. E a antiga Escola Primária João Luís de Moura merece continuar a ser parte ativa da história viva da Igreja Nova.
Todos os que subscrevem esta petição manifestam a sua preocupação com a anunciada demolição da antiga Escola Primária João Luís de Moura e apelam ao cancelamento imediato da obra. Em nome da memória coletiva, do respeito pelo património local e da racionalidade na gestão dos recursos públicos, pedem que seja seriamente considerada a preservação e modernização do edifício existente, de modo a garantir as condições necessárias para o seu uso contemporâneo, sem apagar uma herança que é de todos.
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