CARTA ABERTA À CML - Pela Preservação das Árvores na cidade de Lisboa
Para: Presidente da CML; Vereador dos Espaços Verdes; Vereador do Urbanismo
Esta carta aberta tem como finalidade transmitir a preocupação e o desagrado por parte do Partido Ecologista Os Verdes e de cidadãos relativamente à forma como tem sido tratado o património arbóreo da cidade de Lisboa.
As árvores têm um papel fundamental na promoção da qualidade de vida devido às suas funções ecológicas. São seres vivos que fazem parte da nossa vivência e um bem público de todos, mas têm sido vários os casos de autênticos arboricídios, de que podemos dar alguns exemplos, entre muitos outros:
Abates de árvores para a construção do novo terminal de cruzeiros e da Torre de Picoas, no Príncipe Real e no Bairro da Boavista, em pleno Parque Florestal de Monsanto, para a construção de um campo de rugby, ou o abate de árvores de grande porte (Choupos Negros e Tipuanas) no Saldanha e na Av. Fontes Pereira de Melo, na sequência das obras no Eixo Central. Podas excessivas da Bela-Sombra nos Anjos (classificada de Interesse Público) e de freixos na Av. Guerra Junqueiro e muitas outras intervenções malcuidadas, assim como o calcetamento de caldeiras.
Estes actos representam uma total falta de respeito pelas árvores, que são um bem de todos nós!
Apresentamos a V. Exas. o nosso repúdio face a estes atentados, que em nada estão em sintonia com Lisboa Capital Verde Europeia 2020. Sendo verdade que se tem procedido a plantações de várias árvores na cidade, é também fundamental saber preservar as espécies existentes, em particular as autóctones.
Ao longo dos anos têm sido aprovadas recomendações na Assembleia Municipal no sentido da preservação das árvores, da reactivação da Escola de Jardinagem e do investimento nos viveiros municipais, em vez do esvaziamento do mapa de pessoal de jardineiros e da contratação de empresas privadas que levam a despesas de milhões de euros, mas a autarquia tem insistentemente ignorado e incumprido essas medidas, permitindo verdadeiros arboricídios.
Por outro lado, esta é a prova de que o Regulamento do Arvoredo, tal como foi elaborado, não protege as árvores da cidade e de que a degradação da manutenção do arvoredo e dos espaços verdes muito se deve à sua fragmentação pelas 24 freguesias.
Exigimos que a CML não continue a promover ou a permitir estas más práticas que, muitas vezes, acontecem apenas em nome de projectos de arquitectura que menosprezam o património já existente e que deve ser preservado.
Assim, no Dia Mundial da Árvore:
- reforçamos o nosso descontentamento face à persistência da delapidação do património arbóreo
- apelamos à CML para que não permita que estes atentados se repitam e que assuma as suas devidas competências na manutenção dos espaços verdes e das árvores de alinhamento
- e que cumpra as deliberações aprovadas na Assembleia Municipal que visam a preservação do património natural da cidade, que pertence a todos.
Esperamos que este nosso alerta não seja em vão, porque as árvores são vida! Pelas árvores, pelo ambiente, por todos nós!
Os signatários