Carta aberta: A Escola que queremos
Para: Ex. mos Senhores Deputados da Assembleia da Republica, Ex. mo Senhor Ministro da Educação
Esta missiva é escrita por um grupo de Pais e Encarregados de Educação de alunos do século XXI, que frequentam uma escola desenhada no séc. XIX, lecionada por professores do séc. XX.
Escrevemos porque entendemos que é urgente inundar a escola de alegria e entusiasmo!
É urgente e imperativo recriar a escola por forma a que todos gostem dela. É urgente atualizar a escola. A escola que tem de ser de todos e para todos, com o objetivo único de formar.
Não é estranho ouvirmos os alunos queixarem-se das "aulas secantes", repetitivas, demasiado expositivas, de programas pouco apelativos e desadequados, da falta de paciência e disponibilidade dos professores.
E os professores!? Os professores queixam-se do desinteresse dos alunos e dos seus comportamentos inadequados, da falta de reconhecimento e de condições de trabalho.
E os funcionários não docentes!? E os pais!? E a sociedade em geral!? Haverá alguém satisfeito com este edifício que é a escola? Atrevemo-nos a dizer que não.
Está na hora de restaurar a escola.
E se é importante dar atenção às condições físicas de cada estabelecimento, não é esse o restauro a que nos referimos. Esse restauro de nada serve se vier sozinho. Há edifícios novos, recém-construídos ou reabilitados, estruturalmente incólumes, bem equipados, com tudo para serem um cenário feliz que no fim não passam de mais um espaço sem cor, sem ânimo e sem alegria... Com uma vida triste.
O clima de consternação social que se vive em torno das pretensões dos professores pode e deve ser transformado numa oportunidade. A oportunidade da mudança. A oportunidade de pensar global. A oportunidade de efetuar uma reforma de fundo, transversal. A oportunidade de construirmos a escola do séc. XXI,, com alunos do séc, XXI e professores do séc. XXI.
E, enquanto Pais e Encarregados de Educação, entendemos que esta reforma só será bem sucedida se tiver em conta:
-a necessidade de reduzir o número de alunos por turma;
-que urge rever os programas disciplinares, desatualizados, descontextualizados e obsoletos;
-o reajuste das métricas para colocação de assistentes operacionais;
-a exigência no perfil e formação dos assistentes operacionais;
-uma maior disponibilidade de recursos técnicos como psicólogos, assistentes sociais, animadores sócio-culturais, terapeutas ocupacionais;
-a existência de professores motivados e comprometidos, em número suficiente;
-garantir que a idade da reforma dos professores não compromete o processo ensino/aprendizagem;
-professores de ensino especial por forma a dar resposta às necessidades e
-escolas equipadas para alunos do séc. XXI;
Quando tudo isto for cumprido conseguiremos dar sustento ao documento que define o "perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória", ou seja, teremos pessoas com conhecimentos linguísticos, culturais e técnico-científicos, simultaneamente respeitadoras dos direitos da liberdade, capazes de estabelecerem relações sociais responsáveis, integras, participativas, exigentes, com sentido crítico, reflexivas, criativas.
É esta a escola que queremos!
