Vamos tratar da doença: CIRURGIAS ONCOLÓGICAS PARADAS-20
Para: Exmo. Sr. Presidente da Republica; Exmo. Sr. Primeiro-Ministro; Exma. Sra. Ministra da Saúde;
Pelo respeito à Vida dos doentes oncológicos!
Após um admirável trabalho de reação a uma pandemia mundial, ficou clara a capacidade do país para responder a uma necessidade imprevista, emergente, aguda e incontornável, reorganizando-se, reinventando-se e revigorando-se.
Assim deveria ter sido o plano de ação para o tratamento dos doentes oncológicos deste país e em particular, para todos aqueles que estão a aguardar pelo reagendamento da sua cirurgia, dramaticamente reagendada uma e outra vez na sequência da pandemia.
Porque também esta doença é imprevista, emergente, aguda e incontornável.
O respeito pela doença da COVID-19 não pode nem deve desrespeitar o direito à vida dos outros doentes!
Se há casos em que uma pausa, um interregno ou um adiamento não implicará impactos de maior, tal não acontece numa doença em que cada segundo pode ditar um desfecho aceitável ou fatal.
Porque, tal como se diz da COVID-19, o dia seguinte não mais será igual. O "novo normal" que circula hoje nas conversas quotidianas, também o será sempre para quem enfrenta uma cirurgia de âmbito oncológico. E que assim seja, um "novo normal" por muitos e longos anos.
É contudo assustador o que está a acontecer.
A paragem, contrariamente ao que tem sido induzido nas notícias, é avassaladora.
Cirurgias adiadas, consultas de preparação adiadas, tratamentos adiados.
Nenhum fármaco obriga ainda as células malignas a entrar em isolamento ou confinamento e não há máscaras para células saudáveis.
A COVID-19 tem os seus números visíveis. Os que todos conhecemos, debatidos, esmiuçados segundo a segundo, dia sim, dia sim.
Estes adiamentos de que falo são invisíveis, tacitamente aceites como necessários e justificados, escondidos por entre as brumas do mediatismo pandémico, silenciosos como a morte.
Não!
Não podemos continuar neste caminho!
A vida não tem cara ou coroa. Toda ela é cara por não ter preço!
Eis o meu humilde apelo:
Por favor, em paralelo com os bem sucedidos esforços para vencer a doença pandémica, dediquem a mesma energia, vontade, recursos, organização e sentido de missão e urgência para vencermos a doença oncológica.
É difícil, mas é possível.
Que assim seja.
