Não à abertura das escolas em maio
Para: Exmo. Senhor Ministro da Educação
Exmo. Senhor Ministro da Educação,
Como sabe, e é do conhecimento de todos, um vírus assolou o mundo! Portugal tem vindo a distinguir-se, e bem, pela maneira como lidou com este inimigo invisível e, um tanto por todo o mundo consideram-nos um milagre. Não, senhor ministro da educação, nós não somos um milagre! Tudo o que está a acontecer hoje só aconteceu porque efetivamente Portugal está unido, mais que nunca, para combater este nosso rival e porque a população, na sua maioria, está a cumprir com o que lhe foi exigido.
Deixamos de ver os nossos pais, os nossos avós, deixamos de estar com os nossos, deixamos de sair de casa, deixamos de nos despedir dos que partem, afastamo-nos para podermos ganhar esta batalha.
Mas, infelizmente, a batalha não está vencida. Temos cerca de 30 mortos e 500 infetados por dia! Isto não é de todo uma situação dita controlada, quanto mais erradicada... Estamos a caminho do sucesso, mas longe dele.
Fomos um dos primeiros países a fechar as escolas e as universidades e sabe-se que grande parte do nosso sucesso se deveu a isto, então porquê deitar tudo por água abaixo agora que estamos perto da nossa meta?
Senhor ministro da educação, os alunos de 11ano e 12ano não podem voltar às escolas dia 4 de maio! Mesmo que o estado assegure a distribuição de máscaras, de gel desinfetante, mesmo que se assegure que as casas de banho são desinfetadas a cada utilização (parece-me muito difícil), mesmo que se assegure que as aulas são desdobradas, que os horários repartidos, de modo a conseguir assegurar o distanciamento social, mesmo que tudo isso fosse possível, quem pode garantir que uma criança de 16 ou 17 anos não contrai a doença de forma grave? Quem pode garantir que os professores estão seguros? Quem garante que não vamos colocar em risco as pessoas que vivem com esses alunos?
Será assim tão importante avançarmos com a abertura das escolas numa altura em que continuamos a ter crescimento do número de casos e em que todos os dias, a cada hora, morre uma pessoa em Portugal?
Estas medidas podem pôr em risco o "milagre" que anda de boca em boca!
A educação pode esperar por melhores dias, porque melhores dias virão estou certa. Mas a vida, a vida quando vai não volta!
Despeço-me apelando ao seu cuidado,
Ana Catarina Mário Peixoto