Pela NÃO Suspensão de Cirurgias e Transplantes Prioritários

Sabemos que os profissionais de saúde estão a dar o seu melhor e agradecemos a todos o trabalho, dedicação, entrega e esforço que tem sido feito neste momento de pandemia à escala mundial. O objetivo desta comunicação não é, de todo, tirar mérito ao excelente trabalho que tem sido realizado por estas pessoas, mas sim pedir que tentemos fazer ainda melhor, mesmo neste tempo crítico e de angústia que todos atravessamos.


Muitas são as pessoas que viram, nas últimas semanas, as suas cirurgias oncológicas, de ordem cardiovascular, pulmonar e de outra ordem, mas ainda assim prioritárias, serem suspensas por tempo indeterminado em algumas unidades hospitalares públicas portuguesas.

O nosso apelo é, por isso, para que todas as unidades de saúde e respetivos responsáveis se reorganizem a nível nacional, de forma a que seja feita uma gestão de recursos que permita, não só tratar os doentes infetados com COVID, mas continuar a tratar também os doentes oncológicos, os doentes que sofreram AVCs, enfartes, doentes com pneumonias graves e que se encontram também eles a lutar pela VIDA. Estas doenças têm uma letalidade muito superior ao COVID e estes doentes estão também numa corrida contra o tempo! Estes doentes precisam destas cirurgias para VIVER e por isso não devem ver as suas cirurgias suspensas, pois tal compromete a CURA da doença.

É importante fazer contas e analisar no curto/médio prazo quantas pessoas irão morrer pela suspensão de cirurgias absolutamente imprescindíveis e essenciais para o combate da doença, mas que neste momento são categorizadas como cirurgias "não urgentes". É importante fazer essa matemática e ter CORAGEM para falar das respetivas projeções a 5 anos enquanto são tomadas decisões sobre a vida destas pessoas. Falamos concretamente em casos oncológicos, cardiovasculares, pulmonares, mas muitos outros são os casos de negligência que estão a acontecer. Não nos estaremos nós a esquecer destes doentes? Infelizmente não sabemos por quanto tempo teremos de lidar com esta situação pandémica uma vez que ainda não existe vacina disponível no mercado e não existem ainda, que se saiba ao certo, pessoas imunes. Vamos ver as cirurgias suspensas até quando? Qual é o plano?

Estamos cientes das complicações que podem advir de um transplante ou de outro tipo de cirurgia, mas estamos cientes de qual o impacto desta suspensão na vida destes doentes a curto/médio prazo? Sabemos exatamente qual é? Existem números que mostrem que o facto de adiarmos estes tratamentos e cirugias, tal não tem impacto no sucesso do tratamento e na CURA destas pessoas? Qual é o risco/benefício? Em vez de suspendermos estas cirurgias não será possível reorganizar as unidades hospitalares, corpo clínico e os recursos existentes de forma a poder também prestar auxílio a estes doentes sem que estes sejam abandonados? Não falamos de casos que sejam de facto não urgentes e que podem efetivamente ser adiados sem comprometer a VIDA das pessoas – falamos sim de cirurgias, transplantes que ao não serem realizados no tempo que estava inicialmente previsto (o ideal para a obtenção de cura), tal põe em causa o sucesso do tratamento destas pessoas. Estamos a falar de pessoas com uma doença que é FATAL.

É imperativo garantir que TODOS estes doentes em situação clínica grave, cujo transplante ou cirurgia é imprescindível no caminho para a cura, conseguem realizá-lo nos timings inicialmente programados, mesmo tendo de garantir todos os cuidados extra necessários em contexto de pandemia. Estamos realmente preocupados com o sistema imunitário destes doentes e com a sua capacidade de combater um vírus como o COVID, ou estaremos nós a esconder-nos por detrás deste argumento pois é mais importante, neste momento, mostrar números de recuperação de infetados e mortes COVID?

O objetivo desta petição não é retirar importância ao flagelo pandémico que estamos a viver. Queremos sim, encontrar uma solução, uma estratégia nacional para garantir que continuamos a combater o COVID, a proteger os nossos fantásticos profissionais de saúde, mas, ao mesmo tempo, incluir também os doentes oncológicos e de outras doenças consideradas prioritárias pela sua letalidade, neste plano nacional para salvar vidas! "Os danos que a COVID-19 está a infligir na nossa sociedade já são suficientemente cruéis para podermos aceitar ainda mais danos colaterais", palavras do Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.

Existe muita coisa que infelizmente a ciência ainda não consegue explicar, como, por exemplo, o aparecimento de alguns cancros. A ciência não consegue também garantir que consegue curar todas as pessoas que são diagnosticados com cancro. Uns sobrevivem, outros não, e não sabemos exatamente porquê. Muitas vezes é uma questão de azar e simplesmente isso. Sabemos muito pouco e controlamos ainda menos. Sabemos apenas que muitas vezes depende de pessoa para pessoa, de organismo para organismo. Queremos mesmo correr o risco de não prestar o tratamento necessário a estas pessoas, controlando nós já tão pouco estas doenças em situações normais?

Estamos a tirar VIDAS que não vão aparecer contabilizadas para já, nos números que todos acompanhamos diariamente nas conferências de imprensa, mas vão sim aparecer a médio prazo.
Pedimos a ajuda de todos, estes doentes precisam MUITO da nossa ajuda, AGORA! Precisamos de toda a ajuda possível agora mais do que nunca! Precisamos que os responsáveis e governantes nos oiçam e trabalhem também numa solução para a vida destas pessoas e que lutem por elas!
Queremos uma vida depois do COVID. Queremos ter uma vida depois do cancro. Queremos uma OPORTUNIDADE, NÃO DESISTAM DE NÓS!

Um grande obrigado a todos os fantásticos profissionais de saúde que continuam na linha da frente desta batalha, sejam eles enfermeiros, auxiliares ou médicos.
Estes doentes lutam todos os dias pela vida deles, vamos lutar com eles e por eles. Eles precisam de nós mais do que nunca!

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