Fim Imediato de Todas as Atividades Letivas e Cancelamento das Propinas
Para: Exmo. Senhor Primeiro Ministro
A situação de pandemia mundial (contabilizando centenas de infetados no nosso país e aumentando diariamente), que levou o Presidente da República a declarar o Estado de Emergência em Portugal, levou a que instituições, professores e alunos se adaptassem à realidade e às condições adversas que os rodeiam. Em maior parte dos casos, devido ao encerramento de todas as universidades, o método escolhido tem sido o de aulas à distância e avaliações através de trabalhos mandatados pelos diferentes professores, seja por e-mail ou outros meios de comunicação.
Após alguns dias de experiências observamos claramente que é um método insustentável para todos, por várias razões:
- As consequências diretas do vírus que enfrentamos neste momento é a mais óbvia delas todas. É suposto continuar a nossa aprendizagem normalmente enquanto os nossos familiares, amigos e colegas desesperam e morrem nos hospitais, fruto também de um Serviço Nacional de Saúde totalmente subfinanciado e apesar do esforço heróico de todos os profissionais da saúde?
- As condições psicológicas dos alunos estão nos limites devido ao confinamento e ao isolamento social. Independentemente de todas as ferramentas disponíveis para manter contacto com familiares e amigos, é extremamente complicado não cair em situações de ansiedade ou depressão, que advêm naturalmente do isolamento.
- Apesar de termos consciência que é uma situação inesperada e totalmente fora do nosso controlo, é evidente que o nosso Sistema de Ensino não estava nem está minimamente preparado para uma transição de aulas presenciais para vídeo-aulas, muito menos da forma brusca como foi implementada. Por outro lado, grande parte dos professores (e não obstante o mérito que reconhecemos a todos os docentes por, mesmo na atual conjuntura, tentarem ensinar-nos) não possui formação ou qualificações para lecionar a partir de casa. No entanto, isso nem é o mais preocupante pois são poucos o que recorrem a esses métodos, delegando apenas para o "estudo autónomo", para a visualização de PowerPoints e textos no moodle a nossa aprendizagem. Também constatamos que a carga de trabalho aumentou consideravelmente mesmo nas cadeiras onde as aulas continuam a ser lecionadas, sem qualquer razão que o justifique.
- Existem diversos cursos que exigem prática. Qualquer curso com uma vertente mais prática tornou-se totalmente insustentável. Por exemplo, um estudante de enfermagem que se encontre em estágio não pode aprender a pôr soro ou a fazer pensos online.
- Infelizmente, nem todos os alunos têm acesso a computadores, smartphones ou Internet e, estando impossibilitados de sair de casa, não existem alternativas possíveis.
Concluimos que esta desorganização geral põe seriamente em causa a aprendizagem de todos os alunos e se o nosso Sistema de Ensino já tinha problemas antes, esses certamente não desapareceram, apenas se avolumaram. Assim, e tendo em conta que o pico da pandemia só está previsto para Maio, exigimos a cessação imediata de todas as atividades letivas (aulas e avaliações) e o cancelamento das propinas.
