Petição contra a construção de torres de aço corten na envolvente do cemitério de Freixo de Espada à Cinta
Para: População de Freixo de Espada à Cinta
Exma. Senhora Presidente da Câmara Municipal
O presente texto não é um manifesto político, mas antes, uma intervenção cívica onde todos os Freixenistas que nela se revejam cabem.
Tenho a maior consideração pessoal e política por V. Exa., pois as minhas decisões e percurso político assim o comprovam. Mas, acima da solidariedade política, está o que cada um de nós entende por cidadania e consciência; e, em consciência, não consigo de, publicamente, deixar de manifestar a minha total oposição à construção das quatro pretensas “torres” que simbolizarão as torres que existiram no castelo de Freixo.
Quanto ao que consegui averiguar do projeto do alargamento do cemitério e respetivo arranjo urbanístico da sua envolvente, onde se incluem as escavações arqueológicas e a Torre, a intervenção faz todo o sentido; é urgente e necessária. Agora, construir quatro estruturas a que se estipulou chamar “torres”, que mais não são que quatro perfis metálicos ao alto encimados por quatro travessas metálicas para os unir, que não se parecem com nada, e apenas destroem a harmonia visual do sítio, não … não acredito que possa ser possível! A nossa memória coletiva nunca aceitará essas quatro “coisas”! A nossa Torre não merece tamanha afronta!
Considerando que:
— Uma intervenção desta natureza não pode estar apenas sujeita ao escrutínio e aprovação de um técnico(a) da Direção Regional da Cultura do Norte e de, no máximo, cinco pessoas de um executivo municipal;
— E a minha opinião, é apenas uma opinião,
Proponho a V. Exa. que proceda a uma votação anónima via sítio eletrónico do Município (site da Câmara) sobre a concordância ou não da construção das quatro “torres”, depois do projeto ser divulgado pela mesma via, e, aí sim, terão a legitimidade moral para decidir em definitivo sobre matéria tão sensívelque diz respeito a todos; por vezes a legitimidade da lei não chega, quando está em causa, em minha opinião, um atentado ao Património.
Sei que as obras a levar a efeito são financiadas por fundos comunitários. Ótimo, pois é a única forma que o Município tem de as executar. Mas também sei que o projeto pode ser revisto e reformulada a candidatura; como tal, não há impossíveis.
Promova-se o nosso freixo junto à Torre, com mais de 500 anos, como património natural classificado; promovam-se as escavações arqueológicas do antigo castelo; promova-se a nossa Torre, e a Igreja Matriz, e a Igreja da Misericórdia, e o tecido artesanal em seda, e a Semana Santa, e…
Mas não quebrem a harmonia de toda essa Zona Histórica com supostas ideias luminosas. Ninguém virá a Freixo ver “quatro ferros ao alto” multiplicados por quatro, e acrescendo a essa ideia de gosto duvidoso, levantados no local onde se encontram enterrados os nossos antepassados.
Exma. Sra. Presidente da Câmara: reconsidere a decisão, e de certeza que os Freixenistas lhe ficarão gratos.
Com os meus respeitosos cumprimentos,
António Eduardo Jorge Morgado
27 de fevereiro de 2020
