Suporte Básico de Vida um direito De e Para Todos. Inclusão na escolaridade obrigatória
Para: Assembleia da Republica
Sou Cardiologista e todos os anos assistimos em todo o Mundo, a milhares de pessoas (adultos e crianças) que morrem de morte súbita e na sua grande maioria estas mortes não ocorrem em instituições de saúde, mas sim em espaços públicos como escolas, centros comerciais, parques desportivos ou simplesmente na rua.
Infelizmente e com os meios de emergência médica disponíveis, nem sempre se consegue oferecer da forma mais célere os tratamentos mais diferenciados, o que resulta na morte ou em caso de sobrevivência em pessoas com sequelas neurológicas gravíssimas.
Para tentar contrariar esta dura realidade, existem gestos muito simples e acessíveis a todos, independentemente da faixa etária, nível de escolaridade ou do local onde ocorra a paragem cardio-respiratória. Este conjunto de gestos pode enquadrar-se no Suporte Básico de Vida.
O Suporte Básico de Vida consiste num conjunto manobras muito simples, que passam pela correta identificação da paragem cardio-respiratória, pela eficaz transmissão da condição clínica do doente ao Instituto Nacional de Emergência Médica e pelo início de compressões torácicas eficazes.
Estas manobras muito simples e reitero acessíveis a todos os portugueses podem ser o suficiente para ajudar a salvar vidas e prevenir sequelas neurológicas graves com internamentos prolongados e dispendiosos.
Esta é uma preocupação comum e transversal a vários sectores da sociedade e neste contexto gostaríamos de sensibilizar Vossas Excelências para esta temática e sob o lema da Campanha “Gestos simples que podem salvar a sua vida – Suporte Básico de Vida um direito De e Para Todos” gostaria que o Suporte Básico de Vida fosse ensinado a todos os portugueses e que num futuro a médio prazo todos os portugueses soubessem fazer Suporte Básico de Vida.
A implantação do Suporte Básico de Vida é uma das medidas que poderá ter um impacto epidemiológico revelante na nossa sociedade. Este seria um projeto ambicioso e inovador e no culminar deste projeto, Portugal seria o país do Mundo onde seria mais seguro ter uma paragem cardio-respiratória.
Como então poderíamos tornar este projeto uma realidade? A resposta é simples e passaria por incluir o Suporte Básico de Vida como uma parte integrante dos conteúdos programáticos da escolaridade obrigatória. Sabendo que não poderíamos dar a formação de Suporte Básico de Vida a todos os portugueses no imediato, sei que se este projeto tiver o vosso apoio estaremos num futuro próximo a criar uma sociedade mais saudável, solidária e capaz de reanimar qualquer cidadão.
No fundo se todos queremos ter o direito universal de ser reanimados, na minha opinião, todos temos primeiro o dever de saber reanimar.
Acreditando no pioneirismo e na importância deste projeto, reforço a minha inteira disponibilidade para qualquer esclarecimento adicional ou reuniões consigo ou com a sua equipa.