Alterar a designação do nome da Rotunda dos Bancos em Almada para Rotunda Albino Moura (pintor 1932-2019)
Para: Exma Senhora Presidente da Camara Municipal de Almada
Exma. Senhora
Dra. Inês de Saint-Maurice Esteves de Medeiros Victorino de Almeida
MI Presidente da
Camara Municipal de Almada
Um Grupo de amigos do falecido Albino Moura, vem por este meio, propor a V.Exa se digne alterar a designação do nome da Rotunda dos Bancos em Almada para Rotunda Albino Moura – pintor.
É nesta rotunda que se encontra o Painel Cerâmico “Almada Nova”. Esta obra de arte pública é constituída por dois painéis que formam um único monumento, com 20 metros de comprimento por 1,50 metros de altura e que foi instalada em duas fases.
O primeiro painel tem 1336 azulejos pintados e vidrados e representa artisticamente Almada Nova, simbolizando monumentos e arquitetura moderna. Do lado esquerdo a figura simboliza o poder municipal enquanto do lado direito se explora o poder criativo e a liberdade artística. O segundo painel, com 890 azulejos, simboliza o Parque da Paz e o Museu da Cidade.
Sobre Albino Moura, Maria Rosa Colaço escrevia… “São já inconfundíveis as figuras femininas de Albino Moura que crescem em paisagens tranquilas onde há uma aragem branda que nos aproxima dos deuses e da paz onde flores da terra e estrelas do céu convivem harmoniosamente. Elas são a outra face do sonho que cada mulher carrega, a vida dilui, o mundo pisa mas que, e apesar de, renasce. Persistentemente”.
Mas Albino Moura (1932-2019), é muito mais. Na sua vasta obra deixa registo da sua apaixonada mão de pintor. Lírico e expressionista, gestual, abstrato, pintor e poeta, sofreu a vida do homem que sofre e sonhou em palácios para o homem que não se atreve a sonhar.
Albino Moura deixa obra suficiente para ser considerado um nome insubstituível, testemunho fiel de um tempo escuro, tingido de lutos e de sofrimentos. POETA DAS FORMAS, do homem curvado pela dor, poeta de caminhos que nos levam à luz, obra efetuada ao ritmo do seu coração, que foi valente, generoso, solidário, solitário, como as ondas, morrendo e renascendo em cada instante.
Romântico, social, inocente, formosamente humano.
Almadense desde 1974, “sonhava” no número 2 da Rua da Vinha. Viver é trabalhar ali, no seu atelier, intensamente, com as cores e imaginação. É ali que pensa, ensaia, medita e analisa as formas, as cores, os ritmos e as texturas de que vivem as obras que nascem e se redimensionam naquele lugar.
Com a pena ou o lápis sempre prontos para a função. Albino Moura desenha, compulsivamente, em todo o lado. É pelos inúmeros riscos que temos acesso às ideias que não verbaliza e antes são, frequentemente, marginais aos temas de conversa. Desenha como quem precisa de explicar-se pela imagem, como quem não pode deixar de inventar as formas da sua paixão ou como quem tem, nas figuras que se revelam, o prolongamento físico das mãos.
Estudar, experimentar, reinventar são verbos que estarão sempre presentes na definição do caminho de Albino Moura.
Foi a maturidade que lhe acentuou a linguagem e lhe deu a estrada. Aceder a uma estética pessoal não isenta a pintura de Albino Moura de confrontos que nos remetem para alguns arquétipos da arte do Seculo XX. Seja como for, a autonomia do seu trabalho, o assumir de uma caligrafia radicalmente própria e o crescente domínio das formas e da composição, no seu discurso, reservam-lhe já um lugar honroso na Arte Contemporânea Nacional e sem dúvida um lugar de relevo na história da Cidade de Almada, aqui e ali marcada pela sua arte.
Com os melhores cumprimentos,
