Pela salvaguarda do Cromeleque dos Almendres
Para: Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República
O Cromeleque dos Almendres é o maior monumento megalítico da peninsula Ibérica e encontra-se entre os primeiros exemplos de arquitetura monumental na Europa. Foi construído há cerca de oito mil anos, no inicio do Neolítico, pelas primeiras sociedades sedentárias de pastores e agricultores a habitarem o território a que hoje chamamos o sul de Portugal.
É um património absolutamente único e que atrai para a região de Évora centenas de milhares de turistas todos os anos.
Como consequência de décadas de inação por parte do proprietário e das autoridades, locais e centrais, o Cromeleque dos Almendres enfrenta hoje problemas muito graves do ponto de vista da conservação, nomeadamente no que toca à erosão do solo.
Construído numa encosta virada a nascente, o sitio encontra-se hoje despido de toda a vegetação natural devido ao pisoteamento desordenado e ao aumento exponencial do numero de visitantes, tanto nacionais como estrangeiros. Com esta topografia e sem vegetação, o monumento tem perdido, ao longo dos últimos anos, toneladas de solo devido à erosão provocada pela água das chuvas.
Muitos dos 94 menires que fazem parte deste enorme recinto megalítico encontram-se neste momento em risco de queda, colocando em perigo tanto os visitantes como as frágeis gravuras - com milhares de anos - que muitos deles ainda conservam.
Compreendemos que o governo não queira despender, para já, da verba necessária para adquirir e gerir este património. Contudo, consideramos incompreensível que não se adoptem, imediatamente, medidas preventivas de baixo custo - como a reposição regular de solo e de alguma vegetação - que salvaguardem este património de valor incalculável.
O Cromeleque dos Almendres é um monumento que embora esteja à guarda de Portugal, pertence a toda a Humanidade. Compete-nos fazer tudo o que esteja ao nosso alcance para garantirmos que possa continuar a ser estudado e desfrutado, tanto por nós como pelas gerações vindouras.
