Ponto final na descaracterização do litoral de Cascais
Para: Presidente da Assembleia Municipal de Cascais
Tem o executivo de Cascais em final de mandato vindo a aprovar nos últimos meses uma série de urbanizações que vão ao encontro das alterações do PDM igualmente aprovadas pela mesma maioria e que lançam um lastro de mais cimento, mais betão, mais tijolo e mais alcatrão, em troca de menos espaços públicos, menos zonas verdes e menos áreas de lazer, lançando mais caos na rede viária sobrecarregada e agravando a descaracterização do litoral do concelho.
Estão nesta linha as construções no litoral de Carcavelos dos edifícios destinados a pós-doutoramentos na Universidade Nova, da enorme urbanização na Quinta dos Ingleses (900 fogos) - ambos os processos ainda aguardam decisões finais judiciais - outras na Guia e, agora, a "requalificação" do espaço ocupado pelo supermercado Jumbo, fronteiro à estação ferroviária de Cascais, e que vai levar com uma carga de 6 pisos em altura para construção de 146 apartamentos.
Nas redes sociais circulam denúncias de um comportamento abusivo de uma maioria circunstancial (apenas 16% dos 172 mil eleitores) numa linha de continuada prepotência a que os senhores continuam a revelar altivez e sobranceria para com os munícipes.
A vereadora Teresa Lago, da oposição, acaba de revelar em artigo publicado no Cascais24 mais uma matreirice que o executivo em funções se prepara para lançar no domínio do Jumbo. Diz (e não nos surpreende): "São vários os truques de imagem para contrastar a situação actual com a prometida" sendo "pintado de verde em cima das coberturas dos futuros prédios de 6 andares" com desenhos "sempre poucos carros onde, consabidamente, o trânsito é insuportável e os futuros imaginados empreendimentos são ilustrados com muito maior luminosidade".
Serão construídos mais 146 fogos (22 mil m2) em prédios do tipo “caixote assimétrico” cuja altura ultrapassa, em muito, o que ali existe hoje edificado.
A estratégia das “imagens verdes” já tinha sido utilizada na apresentação do malfadado projecto para a Quinta dos Ingleses.
Acresce, revela a vereadora, que a defesa do interesse público é posto em causa, porquanto a alienação de 17.459 m2 de terrenos de domínio municipal terão como contrapartida (devolução) apenas 7.000m2 de ajardinamentos.
Numa reunião de vereação sobre mobilidade e trânsito, especificamente sobre o acesso à vila de Cascais, foi assumido que a solução de desnivelamento de alguns eixos da “rotunda do Jumbo” seria a mais adequada para diminuir o actual problema de circulação viária. Todavia, foram os vereadores das oposições informados que essa não seria a escolha da maioria PSD/CDS e que, inclusivamente, existiria a tendência para optar pela futura criação de uma via de 4 faixas na avenida 25 de Abril (permitir mais uma via ascendente), abdicando-se do passeio do lado norte e com necessário abate de árvores. Ou seja, antevê-se que a prometida entrada nascente de Cascais não só agrave o trânsito como “desloque” parte do problema para uma--tiva reestruturação da Av. 25 de Abril transformando-a numa quimérica quase-via rápida.
Mesmo perante o argumento oficial falacioso da "requalificação estética" da entrada nascente de Cascais, o que vai acontecer com mais este projecto imobiliário megalómano é a satisfação da voracidade dos empreiteiros e o agravamento do problema do fluxo de tráfego naquela porta de entrada no sede do concelho.
Ao invés de mais esta aberração urbanística e por via de terrenos do domínio público municipal, pretendem os subscritores pôr termo a mais este atentado e abrir a possibilidade de "recuperação das memórias de uma vila piscatória e de veraneio aristocrático" que a actual vereação teima em contrariar por estar notoriamente ao serviço dos especuladores imobiliários.
