Pelo afastamento de Dijsselbloem, em nome da honra portuguesa, em nome da Europa
Para: Comissão Europeia, Primeiro-ministro de Portugal
A Nova Portugalidade e restantes proponentes da petição agradecem a todos os signatários o interesse e o assomo patriótico. O texto, assim como a lista de signatários, serão agora transmitidos à Comissão Europeia e ao Senhor Primeiro-ministro, Dr. António Costa.
1. Referindo-se aos países do sul da Europa que aplicaram planos de resgate, o holandês Joroen Dijsselbloem, Presidente do Eurogrupo, afirmou que “não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda”.
2. Os holandeses têm destas coisas – reacções típicas de desprezo por quem no fundo invejam. Abominados pelo clima, pelas rajadas gélidas que açoitam o mar do Norte e pelo seu pequeno e aterrado inferno chuvoso, contam angustiadamente os meses, as semanas e os dias que precedem as férias anuais de verão sob o jubiloso sol português. Ao procederem assim mais não estão, aliás, do que a prolongar uma tradição que vem de longe e da qual talvez nem eles próprios suspeitem, recalcada que está no seu inconsciente colectivo.
3. Com efeito, foi no Sul, nas margens do Mediterrâneo, que essa Europa nebulosa do Norte veio buscar os rudimentos da escrita, da lógica, da gramática, da Filosofia e do Direito, da cidadania, da ideia de dignidade e igualdade entre os homens e até da gastronomia, pois que para gregos e romanos, nossos pais inspiradores, a fronteira entre o civilizado e o incivilizado exigia resposta às seguintes questões: “têm vinho ? têm azeite ? têm pão ? Se sim, são civilizados; se não, são bárbaros”.
4. A geografia do vinho, do azeite e do pão, frutos do trabalho do homem civilizado foram, pois, coincidentes com esse Sul onde nasceu o Ocidente, nos tempos em que nos anais romanos e nas crónicas medievais, de Tácito a Alcuíno, apenas chegavam ecos inquietantes de depredações e razias vindas dessas paragens setentrionais onde não chegava o sol, o eco dos poetas, a grande arquitectura ou a luz da civilização.
5. As afirmações de Dijsselbloem são reveladoras do que se pensa nos países do Norte a respeito do Sul da Europa, desprezo secundado por boa parte de uma burocracia bruxelense que se mantém aferrada a intolerável como vergonhoso umbiguismo neo-colonial ofensivo da dignidade das nações do Sul, criadoras da Europa e mães da civilização ocidental.
6. Acrescentam assim às penalizações económicas que já vêm impondo aos Estados do Sul, uma nota de intolerável desprezo e humilhação. Com efeito, os estados da orla mediterrânica europeia que, como Portugal, aplicaram planos de resgate têm executado com o máximo sofrimento os programas de austeridade, padecido silenciosamente e pagando asperamente décadas de políticas erradas que a Europa do Norte não quis criticar e que, na verdade, incentivou e impôs.
7. A desindustrialização europeia e a terciarização das suas economias fez-se em aliança com o reforço da indústria alemã e sua transformação em autêntica fábrica da Europa; foi obedecendo ao mantra da falsa "modernização" que Portugal, a Espanha, a Itália e a Grécia abateram as suas frotas, abandonaram os seus campos e fecharam as suas fábricas. Essa verdadeira perseguição da economia real, imposta pelo Norte porque conveniente ao Norte, geraria depois, em larga medida, as crises de desemprego e sustentabilidade financeira dos Estados que a Europa hoje se esforça por debelar.
8. Ora, Portugal não pode senão sentir repulsa por semelhante afronta à sua dignidade e aos sofrimentos a que voluntariamente se tem submetido. O ódio infantil, o desprezo injustificado e a arrogância patética de Dijsselbloem tornam-no incapaz de liderar seja o que for. O desconhecimento raivoso que tem de meia Europa fazem-no incapaz de servir a Europa. Jeroen Dijsselbloem não pode liderar o Eurogrupo. É evidente que deve demitir-se ou ser demitido. O concerto europeu exige o respeito pela identidade nacional de cada um dos países.
Carlos Fino – Jornalista
Rafael Pinto Borges – Estudante
Raul Almeida - Jurista, ex-deputado do CDS - Partido Popular
Miguel Castelo-Branco – Historiador
Hugo Dantas - Jurista
Rodrigo Pereira Coutinho - Empresário
Ana Kandsmar – Escritora
Pedro Schuller - Estudante e dirigente associativo
Rui Pires - Fotógrafo
Pedro Baptista-Bastos - Advogado
Afonso de Freitas Dantas - Estudante
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