Basta de crianças mortas. Ensinem a nadar!

Ao Exm.º Sr. Dr. Eduardo Luís Barreto Ferro Rodrigues, Presidente da Assembleia da República.

Respeitosamente,
vimos por este meio comunicar que no passado dia 22 de Junho de 2016 os habitantes do Bairro Casal dos Machados, sito nos Olivais Norte em Lisboa, voltaram a receber a infeliz notícia de mais um jovem que perdeu a vida em águas do Tejo no Parque das Nações.
A vítima, Luís tinha 16 anos, era um jovem respeitador, querido e humilde proveniente de uma família também humilde que lhe deu a melhor educação ao seu alcance. Apesar das atitudes assertivas nos relacionamentos com todos, este jovem tinha uma história de vida dramática que confidenciava aos companheiros mais próximos, os mesmos que agora choram desconsolados pela perda de um verdadeiro "AMIGO".
Na sequência do trágico acontecimento, solicito que faça chegar esta petição ao Ministério da Educação a fim da mesma ser observada e estudada a possibilidade que sugiro.
Ao longo dos últimos 25 anos verifico que estas fatalidades vêm ocorrendo ciclicamente nesta zona oriental da cidade em diversos bairros, sendo que no Casal dos Machados, estas fatalidades vêm ocorrendo com uma periodicidade de intervalo médio que ronda os 10 anos, o tempo suficiente para que as jovens vítimas não tenham vivido conscientemente a amarga "experiência" que é verem desaparecer um dos seus pares. Acreditamos que nos próximos anos, os jovens que hoje viveram esta perda, não voltarão a incorrer em comportamentos semelhantes. No entanto, preocupa-nos as crianças que ainda não têm consciência da tragédia recente e que daqui a dez anos, tal como o Luís, poderão vir a não acatar os conselhos dos mais velhos, os mesmos que hoje viveram a perda de um amigo e futuros pais de um "amanhã" que se quer mais capaz no que concerne ao evitar destes acontecimentos. Nesse sentido, pensámos em formas de minimizar os efeitos de incidentes do género, tendo chegado a uma conclusão.

Sendo incomensurável o valor da vida humana e tão significativa a extensão do território nacional composta pelo meio aquático, cremos haver legitimidade para a presente petição.
A sentirem-se confortáveis no meio aquático, os nossos jovens estariam munidos de ferramentas para incidentes do mesmo género que eventualmente se venham a verificar e então, vidas humanas poderão ser salvas.

Porque ACREDITAMOS que comungamos das mesmas preocupações, vimos em memória dos que partiram e em prol dos que estão por vir, pedir a V.ª Ex.ª que no mais breve espaço de tempo possível, seja considerada a implementação no Programa Curricular dos dois primeiros anos do Primeiro Ciclo uma hora semanal de natação, até porque desde Fevereiro de 2014 que foi distribuído às escolas o mapa "Portugal É Mar", a evidenciar que 97% do país é mar, e com o qual os nossos jovens se cruzam diáriamente nas salas de aula.

Para finalizar, convenhamos que as crianças continuarão sempre a ser crianças, curiosas e desatentas. Por isso, irão cometer erros legítimos que os irá inevitavelmente conduzir a algumas situações de risco por negligência própria. É suposto encorajar e munir qualquer jovem com capacidade de não entrar em pânico, caso se depare propositadamente ou inadvertidamente dentro de água, esse meio que constitui tão grande parte do nosso território. Porque educar é ensinar, solicito encarecidamente que esta petição vá avante e assim, vidas possam ser salvas.

Vamos poupar vidas humanas!

Cláudio Pires,
Telm.XXXXXXXXX

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