Por melhores condições de ensino em Antropologia
Para: Estudantes da Universidade de Coimbra
O curso de Antropologia vive tempos conturbados.
Ao longo dos últimos anos temos vindo a presenciar um severo declínio na qualidade de ensino, particularmente na área de Antropologia Social e Cultural.
Na génese do curso, e dos respectivos ciclos de estudo, existia um número igual de professores de carreira em ambas as vertentes de Antropologia – Antropologia Biológica e Antropologia Social e Cultural. Hoje assistimos a uma relação de 9 para 3 Professores, e mais dois de contrato, para Antropologia Social e Cultural. A situação é insustentável.
Qual o significado desta situação para os estudantes?
Não é a minha intenção focar-me na injustiça e dificuldade que é distribuir cargas iguais de trabalho por equipas tão desiguais; desejo antes salientar e pedir que ponderem: será esta a conjectura de onde advém a qualidade de ensino a que temos direito? Não.
Enquanto estudantes não temos qualidade de ensino quando não são criadas condições positivas e adequadas ao seu desenvolvimento.
Perante a saída do Professor Doutor Jorge Varanda, e a incerteza relativamente à continuidade da Professora Doutora Andrea Gaspar, surgem duas vagas de contrato cujas condições de empregabilidade pouco apelativas dificultam o despertar de interesse por parte de profissionais competentes e motivados. Como estudantes, que optámos por frequentar a Universidade de Coimbra pela sua reconhecida qualidade, não nos podemos rever, nem tão pouco aceitar, esta completa ausência de padrões de excelência.
Acreditamos que ao pagar propinas, auto-financiado a nossa formação, estamos a contribuir para um ensino de qualidade que promova uma formação académica de excelência. Neste contexto as nossas expectativas profissionais estão a ser defraudadas.
O momento exige acção!
A partir de amanhã, terça-feira, circulará pelas aulas um abaixo-assinado, que, em conjunto com o documento elaborado pelos Professores da área de Antropologia Social e Cultural, servirá de protesto, exigindo melhores condições de ensino em Antropologia. Como estudantes numa instituição de reputação mundial é nosso dever lutar pela qualidade de ensino.
Assino o presente comunicado não na qualidade de Presidente do Núcleo de Estudantes de Antropologia, nem de Representante de Alunos do Mestrado em Antropologia Social e Cultural, mas como Estudante da Universidade de Coimbra.
Saudações académicas.
Tomás Pereira Botelho, Estudante de Antropologia.