Petição Salvem a Robinson! - Património Industrial Corticeiro
Para: Assembleia da República
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República,
A Fábrica Robinson, indústria corticeira instalada em Portalegre desde 1837, por iniciativa de um grupo de industriais ingleses que se dedicavam ao trabalho da cortiça em bruto, e onde pontifica desde 1847 o industrial George Robinson, que impulsionou o desenvolvimento da indústria transformadora da cortiça, em Portugal e da tradição corticeira de Portalegre, que perdura até aos dias de hoje.
Ocupando cerca de sete hectares em pleno centro histórico da cidade de Portalegre, a Fábrica Robinson cessou a sua atividade industrial nos primeiros anos do século XXI, mais precisamente em 2009, na sequência da insolvência da Sociedade Corticeira Robinson.
As suas duas imponentes chaminés marcam o perfil da cidade, juntamente com a torre de menagem do Castelo e a frontaria e torres sineiras da Sé Catedral, construída em relação com a criação da Diocese de Portalegre e Castelo Branco e a elevação de Portalegre a cidade, por carta régia de D. João III, em 1550.
Da Fábrica que nos quase dois séculos da sua existência empregou milhares de portalegrenses e influenciou o quotidiano de muitos mais, resta agora um valioso património de arqueologia industrial, com caraterísticas ímpares, que faz parte da identidade da cidade e de toda a região, e que urge preservar.
O património de arqueologia industrial da antiga Fábrica Robinson representa uma das mais significativas referências histórico-culturais de Portalegre, da região do Alentejo e de Portugal, associada ao recurso endógeno da cortiça desde a sua produção no montado de sobro, à sua transformação por processos industriais e utilização nas nossas casas. Por esse motivo o IPPAR classificou esse património como de Interesse Público, abrangendo o conjunto fronteiro de edifícios históricos da Fábrica Robinson.
No entanto, este património encontra-se em acentuado estado de abandono, degradação e deterioração que se agrava de dia para dia, provocando uma imagem de desolação e “vazio urbano” em pleno centro histórico da cidade, pondo em perigo uma parte fundamental da memória de Portalegre, do Alentejo e da indústria corticeira em Portugal e no mundo.
Em nome da proteção e valorização de tão relevante património cultural material e imaterial e do desenvolvimento sustentado que pode potenciar numa cidade e num distrito tão deprimidos, e como fator impulsionador do conhecimento sobre a indústria corticeira e a sua relevância económica nos tempos atuais, os cidadãos abaixo-assinados requerem à Assembleia da República que providencie junto do Governo de Portugal a sua intervenção urgente através do Ministério da Cultura e do Ministério da Economia, no sentido de garantir a salvaguarda daquele importante património, mobilizando as entidades e instituições implicadas, nomeadamente autárquicas, científicas, associativas, empresariais e outras.
NOTA: Esta petição está também disponível em papel, sendo que os primeiros signatários são Luís Pargana; Manuela Cunha, José Lopes Cordeiro, Manuela Mendes e Ana Narciso.