PELO FIM DO CIRCO COM ANIMAIS NO CONCELHO DE MAFRA
Para: Presidente da Assembleia Municipal de Mafra
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Municipal de Mafra. Os cidadãos e cidadãs abaixo assinados vêem pedir que a Câmara Municipal de Mafra proíba em todo o concelho a actividade circense que utilize animais.
Os animais que trabalham nos circos são sujeitos a longas horas de viagem, encarcerados e rodeados por meios urbanos, que nada têm a ver com os seus habitats naturais. É muito frequente a separação das crias das suas mães, para começarem a treinar, desde cedo para habilidades circenses. Os(as) “tratadores” dos animais de circo usam o método de Pavlov, ou seja, treinam os animais usando o reflexo condicionado, através da dor e da privação de alimentos. Os animais no circo vivem confinados e acorrentados em pequenas jaulas, sem as mínimas condição de bem estar. Muitas vezes são espancados e submetidos a violência até à sua completa abnegação como seres vivos. No circo os animais deixam de puder manifestar os seus naturais comportamentos. Estas condições que afectam a saúde física e psicológica dos animais reduzem consideravelmente o seu tempo de vida. Os elefantes de circo, por exemplo, vivem de 14 a 17 anos. Menos de metade do que a esperança média de vida dos que vivem em liberdade, 70 anos. O pensamento que os animais nasceram no circo e apreciam executar ‘truques’ encontra-se totalmente em desacordo com a forma como viveriam na natureza.
O exercício das artes circenses com animais é incompatível com o actual desenvolvimento humano e da sociedade que busca proteger também os animais. A actividade circense com recurso a animais é inadmissível, eticamente injustificável. Urge uma sociedade que estabeleça uma tradição de não-violência para com todos os seres, respeitando a sua vida e o comportamento natural dos animais. O circo e os espectáculos de entretenimento com uso (e abuso) dos animais já não fazem parte desta evolução cívica.
De salientar que o público nos circos é maioritariamente infantil. As crianças ao assistirem um espectáculo de circo com animais reterão na memória uma deturpada visão do que são os comportamentos naturais dos animais, o que do ponto de vista pedagógico em nada as enriquece, pelo contrário, proporciona um maior distanciamento e frieza em relação aos animais pois transmite a ideia de que estes poderão ser confinados, usados e torturados para mera diversão humana. Em circos sem animais a diversão continua garantida e a sociedade será mais justa, visto que o exemplo dado às crianças será de esforço e superação humana, e não mais de exploração e dominação pela força.
Reforçamos que estamos a falar da exploração, confinamento e tortura de animais não humanos, seres cuja senciência foi já reconhecida pela comunidade científica. Tal reconhecimento foi transposto normativamente pelos ordenamentos jurídicos Neozelandês e Francês que alteraram os seus códigos civis para neles incluir o reconhecimento da senciência em animais não humanos.
Não devemos também esquecer que cada animal utilizado em circo significa um emprego a menos. Um artista desempregado e um animal escravizado e condenado a viver pelo resto da sua vida enjaulado e sendo obrigado a desempenhar um papel completamente incompatível com sua natureza. Ao proibir o uso de animais em circos cria-se mais oportunidade de emprego para artistas humanos de talento inquestionável.
Proibir, no Concelho, a actividade circense, que use animais como atracção, significa juntar-se a todo um movimento mais amplo de libertação e respeito por estes seres quer a nível nacional quer a nível mundial. Buscamos valorizar a vida e constituir Mafra como uma concelho civilizado, que respeita os todos os seres.
Para tal, vimos com esta petição solicitar que seja agendada numa próxima Assembleia Municipal a discussão deste tema de moda a ser proposto à Câmara Municipal de Mafra a regulamentação e proibição futura de Circos que utilizem nos seus espectáculos animais.
Os signatários e signatárias:
