PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO CULTURAL GUINEENSE
Para: Governo da Guiné-Bissau
Em 1919, foi desenhado um plano urbanístico para Bissau, caracterizado por uma avenida que partia do agora Porto de Pindjiguiti e coroada pela Praça do Império e pelo atual Palácio da Presidência.
Em 1941, Bissau ganhou o estatuto do capital da Guiné Portuguesa, este facto reforçou o planeamento urbano, levando a construções e modernização da cidade, através de um plano que permitisse uma posterior expansão.
Em 1945, o Gabinete da Urbanização Colonial começou a construção do atual Palácio da Presidência.
Em 1999, o Palácio da Presidência sofreu graves golpes às mãos de uns revolucionários e contrarrevolucionários que não tinham perceção e delicadeza suficiente para dar valor às coisas que não aparentam valor económico imediato. Destruído e pilhado foi o Palácio. E o Museu Etnográfico obteve o mesmo tratamento, mas teve melhor sorte, porque só foi destruído (e importante parte do seu conteúdo), não foi pilhado.
Em 2013, foram precisos 14 anos para finalmente ser-se apresentada uma desculpa formal ao Palácio, restaurando-lhe parte da sua grandiosidade histórica.
Só este pequeno trecho de apanhados históricos permite perceber que o Palácio da República possui um carácter histórico e museológico que lhe é conferido tanto pelo seu próprio estatuto, como pela sua posição urbanística à cabeça da Avenida Amílcar Cabral. É um PATRIMÓNIO CULTURAL E HISTÓRICO GUINEENSE.
O Palácio da República passa a ideia de um espaço aberto para o Povo (é certo que não é assim, mas trata-se de simbolismo), por isso coroa a Avenida Amílcar Cabral (aliás, também essa avenida foi rebatizada com o nome do Pai da Nossa Gloriosa Nação Guineense pela sua importância e exatamente pela importância que o Palácio da República lhe confere).
Quem anda pela Avenida Amílcar Cabral é recebido pelo Palácio da República, um abraço à espera, um seio de alento e de esperança para o Povo, um lugar para todos (não sei se já repararam que até a mulher da Estátua da Praça do Império tem um seio destruído? N kuda i pa mostra kuma Guine i ka padida di dus mama).
Fechar o Palácio com uma vedação extra não só estraga o desenho urbano, como lhe despe da sua imponência e do seu simbolismo. Não é à toa que o Palácio se situa onde está, à frente da Estátua do Império no meio de uma bifurcação. Ele é um ícone, um símbolo do poder, começou por ser um símbolo do poder português, mas há muito tempo que é nosso. Isolá-lo do Povo é como isolar os governantes dos guineenses, mantê-los num recanto à parte.
Sabemos que os governantes receiam pela sua segurança e merecem estar seguros, mas não somos nós, o Povo, que os ameaçamos, e nós também merecemos o nosso Palácio ao nosso alcance. Não estamos aqui a pedir para nos abrirem as portas do Palácio, nem para nos deixarem subir para as sua varandas. O que estamos é a pedir que não criem mais barreiras entre NÓS E O NOSSO PALÁCIO. Governos e governantes vão e vêm, presidentes são constantemente mudados, mas o PALÁCIO DA REPÚBLICA PERMANECE (se sobreviveu ao 7 de Maio de 1999, sobreviverá a muitas mais desgraças).
Assinem esta petição para enviarmos para os nossos governantes, para não avançarem com a destruição de um dos nossos poucos símbolos restantes e um dos maiores deles. Não vedem o Palácio da República além das suas vedações já existentes.