Mais segurança nos transportes públicos
Para: Direção Regional dos Transportes
Faz hoje exatamente 1 ano que te arrancaram de nós. Não me despedi de ti, não te dei um último abraço. Partiste de forma injusta e precoce. Penso que não era a tua hora. Quero acreditar que Deus tem tudo previsto para nós, mas mesmo assim, sinto que nos deixaste cedo demais. Nada nem ninguém consegue diminuir esta dor que, dia a dia, carrego dentro do meu ser. A ferida que nasceu no meu peito jamais será cicatrizada. Dessa ferida jorra sangue a todo o momento e, por vezes, sinto que as minhas forças não são suficientes para voltar a levantar-me... Mas volto e volto a fazê-lo. Levanto-me novamente, ergo a cabeça e luto mais um pouco. Não posso parar, um dos meus tesouros partiu mas outros dois continuam comigo. Tenho que continuar, digo para mim mesma a toda a hora.
A forma como partiste não me sai da cabeça. Em pleno século XXI, como é possível permitirem que ainda morram pessoas por falta de segurança nos transportes públicos? Como é possível gastar-se tantos milhões em construir estradas, pontes, parques de estacionamento, hotéis e deixar-se completamente de lado a segurança de um transporte que é diariamente utilizado por centenas de pessoas, entre elas, muitas crianças e idosos. Respondam-me, como é possível? Já se passou 1 ano, desde que te mataram. O que é que se fez? Nada, meu Rodrigo. Nada mudou. Simplesmente NADA. Os autocarros onde te perdemos continuam a andar de um lado para o outro, carregando imensas pessoas todos os dias e tendo exatamente as mesmas condições de segurança que te provocaram a morte. Da investigação policial nada sabemos. Parece-me que estamos esquecidos, totalmente esquecidos.
Na semana passada outra criança ia tendo o mesmo final que o Rodrigo, a porta do autocarro ia-se fechando cedo demais. Felizmente não aconteceu o pior. Há uns anos atrás outra criança também morreu nas mesmas condições mas também ela está esquecida. Quantas mortes terão que existir para se fazer alguma coisa? Mães, Pais, cidadãos, amigos, vizinhos! Vamos lutar, vamos unir-nos para exigirmos o que é um direito nosso e das nossas crianças – segurança nos autocarros! Se não o fizermos, ninguém o fará. Segurança! É um direito! Não sou especialista, mas se a porta do autocarro onde o meu Rodrigo faleceu tivesse uns sensores, que impedissem que se fechassem sempre que alguém ficasse preso, provavelmente o meu tesouro estaria aqui, junto da sua família, dando-nos a alegria que só ele sabia dar.