"Somos Todos Gregos"
Para: Portugueses, gregos do Ocidente
Os subscritores deste manifesto (a entregar na Embaixada da Grécia e na delegação da União Europeia em Lisboa) exprimem o seu apoio ao povo grego, no momento em que este expressou nas urnas a sua vontade inequívoca de combater os dogmas austeritários impostos pela Troika, que produziram, nos últimos quatro anos, uma taxa de desemprego de 25%, uma queda do PIB de 25%, o declínio profundo do rendimento da generalidade da população grega, a drástica diminuição da proteção social e da qualidade e extensão dos serviços públicos. Em suma: o violento empobrecimento da Grécia e do povo grego. A intervenção da Troika na Grécia saldou-se por um desastre económico e humanitário, que até ultrapassou a grande depressão de 1930 e que é preciso terminar de imediato, a bem do povo grego e da dignidade das instituições europeias – que não podem aceitar com indiferença que um dos seus estados-membros se transforme num país do terceiro-mundo.
Estes subscritores afirmam assim – de forma pacífica, mas veemente – o seu apoio à corajosa recusa do novo governo grego em negociar com a Troika, optando por falar diretamente com a União Europeia e os seus estados-membros. Apoiamos também a iniciativa helénica de cumprir promessas eleitorais, logo nos primeiros dias de mandato, ao arrepio do que tem sido a prática política dos nossos dias.
Os subscritores apoiam igualmente a proposta grega de promoção de uma conferência europeia para a renegociação das dívidas externas, que permita o relançamento do crescimento económico em toda a Europa e do sonho da construção de um espaço europeu comum. A causa grega é também a causa portuguesa. Gregos, portugueses e a generalidade dos povos do sul da Europa devem estar unidos neste combate contra todas as ingerências e contra o absurdo de uma austeridade punitiva e moralista, sem efeitos práticos ou consequentes na recuperação económica do conjunto europeu.
Esta é a derradeira tentativa de manter os alicerces da União Europeia, suportados nos pilares fundacionais da solidariedade e da coesão económica e social e no projeto do euro. Um espaço europeu dividido entre um norte rico e um sul pauperizado, uma moeda única que beneficia as economias do norte e empobrece os povos do sul tem os dias contados.
Subscrevemos este Manifesto"
(os subscritores, Portugueses, gregos do Ocidente)