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Petição pela preservação do Parque do Mouchão, em Tomar

Para: Ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Tomar (CMT) e Senhores Vereadores da CMT, à Assembleia Municipal de Tomar, ao Senhor Presidente da Junta de Freguesia da União de Freguesias de São João Batista e Santa Maria dos Olivais e demais membros da Junta de Freguesia

Foi recentemente anunciado um projeto de calcetar a via central do Parque do Mouchão, entre o acesso à ponte e a Estalagem de Santa Iria.
Esta proposta não é nova. Já em 2006, no âmbito do Programa Polis, foi feito um projeto de Requalificação do Parque do Mouchão e Várzea Pequena, que previa este empedramento.
Nessa altura, o bom senso prevaleceu e foi apenas colocado algum empedrado, decidindo-se valorizar o piso em saibro que sempre existiu no Mouchão, o qual foi consolidado e melhorado.

Perante o retomar deste projeto, vimos por meio desta petição expressar a nossa profunda preocupação com o património natural do Parque do Mouchão. Este projeto que, mais uma vez, se soube pela comunicação social, não foi apresentado nem discutido com os tomarenses, revelando novamente a falta de transparência e de diálogo do Município de Tomar.

O Mouchão deve a sua origem ao aproveitamento do potencial económico do rio Nabão, que levou à instalação de dois açudes permanentes para o funcionamento das engrenagens industriais das fábricas instaladas em Tomar, um que liga a ilha à zona desportiva, e o outro que alimenta a roda do Mouchão e desemboca na comporta junto à ponte.

“(…) aí por 1923, foi arrendado por um grupo de tomarenses, para ali criar um Parque de Recreios com restaurante, barcos de recreio e cinema ao ar livre. A empresa não resultou, e a Câmara adquiriu o Mouchão Parque, como então se chamava, para fazer dele um lindo e encantador Jardim, o Parque Municipal do Mouchão, a que não faltou, para lhe dar mais cor e vida, uma das velhas rodas hidráulicas. (1)

“(…) ao adquirir o Mouchão, em 1925 a Câmara de então prestou a Tomar e aos tomarenses um serviço dum valor incalculável, ofertando-lhes uma zona verde de encanto no próprio coração da cidade, no meio dum rio de sonho e poesia que é o enlevo de naturais e forasteiros.” (2)

“(…) na década de 50, construiu-se nele uma Pousada de sonho, a Estalagem de Santa Iria, e alindou-se ainda mais o seu formoso e famoso Jardim, fazendo dele o escrínio e encantos de Tomar, onde tantos encantos existem!” (1).

O Mouchão constituiu-se como “um famoso jardim; duas formosas avenidas de plátanos e nogueiras americanas; uma roda hidráulica lindíssima, último abencerragem das que outrora atestavam a chegada aqui dos Árabes, vindos do Oriente; uma explêndida Pousada, a Estalagem de Santa Iria que convida a repousar os nervos e deleitar o espírito, destrambelhados nesta época barulhenta e vertiginosa da Economia de Consumo; e em volta uma muralha verde, aquele verde de mil tonalidades de que já falamos, a separar a ilha do rio, que aqui tem quatro margens, pois duas não bondavam para desdobrar tantos encantos e maravilhas...” (1)

A existência desta mancha verde, em conjunto com a Mata Nacional dos Sete Montes e outros espaços verdes de Tomar, atrai uma biodiversidade ímpar à cidade, destacando-se as andorinhas, os andorinhões, os estorninhos, os gaios, as garças, as gralhas, os melros, os pardais, os verdilhões, entre muitas outras espécies da avifauna. Os plátanos, faias, ulmeiros, além de atraírem esta biodiversidade, proporcionam sombra, purificam o ar citadino, ajudam a gerir o stress e deleitam todos os que se passeiam no parque.

Ao longo das últimas décadas, o Mouchão tem sofrido intervenções que têm resultado na sua descaracterização, como a destruição do sistema de rega original, a construção da desenquadrada ponte metálica, o abate de árvores que não são repostas, zonas de falta de barreira de arbustos, transformação do jardim com flores num ervado ou a redução do espaço de relva. Muitas destas intervenções, às quais acresce a construção de infraestruturas para a estalagem no âmbito do programa Polis, afetaram as raízes dos plátanos e suscitaram a utilização deste espaço público para a realização de muitos eventos, que, felizmente, têm vindo a ser restringidos.
Os projetos mais recentes, como a instalação de um palco, já concretizado, ou o calcetamento da via central, não auguram boas perspetivas para o futuro deste Parque histórico, ameaçando a sua preservação.
A substituição do piso ensaibrado do Mouchão que ali existe há tempos imemoriais, além de poder causar ainda mais danos às raízes dos plátanos (o estudo de 2024 disponibilizado pelo Município recomenda evitar mobilizações do solo ao máximo especialmente na envolvente dos plátanos), revela um profundo desconhecimento da realidade de Tomar, do sentir e viver das suas gentes e resulta no desaparecimento de sinais e marcas da identidade desta cidade.
Este projeto de calcetamento da via central do Mouchão vai também incentivar a entrada de mais veículos no Mouchão, afetando a segurança das pessoas e crianças que por lá passeiam e brincam e vai perturbar a avifauna e flora que habitam o Mouchão.

Apelamos por isso à revisão deste projeto considerando alternativas menos impactantes para este espaço verde que salvaguardem a manutenção do arvoredo e permitam a satisfação das necessidades básicas da estalagem.
Apelamos também à valorização do Parque do Mouchão enquanto espaço verde e componente essencial da Estrutura Ecológica Municipal Estratégica (que, enquanto tal, tem restrições à construção definidas no Plano Diretor Municipal), através da preservação da flora existente, do aumento do seu coberto vegetal e do reforço da sua “muralha” verde, com a plantação de espécies autóctones e a colocação de placas sinalizadoras para promover a educação ambiental dos seus visitantes.

Apelamos ainda que sejam seguidas as recomendações gerais do estudo de 2024: requalificação do relvado, elevando o nível da relva em cerca de 30 cm, para que as raízes extensas possam voltar a estar cobertas, alteração do sistema de rega para que os troncos das árvores não fiquem saturados cada vez que a rega é ativada, espaço envolvente de cada árvore sem relva ou plantado por espécies de plantas ou flores que não necessitem de rega regular.

O Parque do Mouchão faz parte da identidade da cidade de Tomar e é um ex-líbris que urge preservar.

Assinam esta petição
Joana Reis Vieira Henriques Simões
Catarina Reis Vieira Henriques Simões

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Fontes
(1) História de Tomar, Volume II, Amorim Rosa, 1982
(2) Tomar: Perspectivas - Evolução da Fisionomia Urbana, Arquitectónica e Construtiva de Tomar, José Inácio da Costa Rosa, 1991



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Esta petição foi criada em 13 maio 2025
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