Movimento " Escola Secundária Eça de Queiroz" , em Baião
Para: Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Baião
No dia preciso- 8 de janeiro de 2025- em que o ilustríssimo escritor realista Eça de Queiroz - após ter deixado a sua fresca, irónica e acerada alma, sempre percucientemente crítica e criteriosamente judiciosa dos vícios e imperfeições da sociedade, na remansosa tebaida da sua promissora Fundação de Tormes, sita no telúrico e aprazível rincão de Santa Cruz do Douro, onde temporariamente o genial prosador oitocentista português de génese poveira esteve sepultado - partiu fisicamente eterno, nos seus últimos restos mortais, para a honrosa e perene conspicuidade do Panteão Nacional, uma espécie de olímpica morada final de alguns dos mais insignes cidadãos lusos entre os insignes ( espaço onde caberá tão - somente escasso número de personalidades), nesse dia reapareceu a ideia de uma anterior petição pública, lançada em 6 de março de 2014, em prol de Eça de Queiroz, e tendo por finalidade ser o autor de " A Cidade e as Serras" exalçado à qualidade de Patrono da Escola Secundária de Baião.
A sobredita petição, criada em 2014, tivera em vista elevar o nome do escritor baionense Soeiro Pereira Gomes, co - fundador do Neorrealismo português e autor da comovente e denunciadora obra - prima Esteiros, dedicada " Aos filhos dos homens que nunca foram meninos", a Patrono da Biblioteca Municipal de Baião, bem assim como elevar o nome de Eça de Queiroz a Patrono da Escola Secundária de Baião . A petição intitulada Movimento “Biblioteca Municipal para Soeiro e Escola Secundária para Eça ", em Baião, circulou pela internet, tendo recolhido 170 assinaturas da parte dos internautas leitores, amantes fiéis e/ ou apaixonados das valorosas obras dos dois notáveis escritores, à sua medida ambos filhos de Baião: o natural ( Soeiro - nascido em Gestaçô, freguesia do concelho baionense) e o adotivo ( Eça - ingente elemento do Realismo do século XIX, figura de proa dessa corrente literária em Portugal, nativo da Póvoa de Varzim).
A Biblioteca Municipal de Baião, aquando do lançamento da petição pública em causa, não tinha outra e diferente denominação ( aliás, ainda funcionava no anterior e vetusto edifício público).
Daí que fosse almejado, primacialmente e sem rebuço, o nome do talentoso autor da obra – prima “ Esteiros” como justo Patrono da Biblioteca Municipal de Baião. António Mota, escritor infantojuvenil baionense e um dos nomes inseridos na petição como hipoteticamente também merecedores de serem elevados à qualidade de Patrono, viria a ser o escolhido por quem de direito.
Quanto à Escola Secundária de Baião, a justa reivindicação de Eça de Queiroz, um dos maiores cultores da Língua Portuguesa, ser o seu Patrono é inquestionável. E revela – se, agora, de uma acuidade vital por via da trasladação dos restos mortais de Eça para o Panteão Nacional.
Se o corpo saiu de Baião, nele deve permanecer a sua alma ( ou parte dela), visto que a obra A Cidade e as Serras tem parte do seu enredo centrado no torrão balsâmico duriense, descrito belamente e a primor pelo egrégio autor oitocentista e onde avultam singulares e bem desenhadas personagens cuja ação decorre sempre viva e de modo realista. Os Caminhos de Jacinto constituem uma das preciosas marcas que Eça eternizou das terras de Baião, fonte de interesse de estudiosos e curiosos pelos locais balizadores de mais essa obra- prima queirosiana.
É óbvio que Eça é já Patrono de várias Escolas pelo país fora,a começar pela Escola Secundária da Póvoa de Varzim, terra que viu nascer tão douta e egrégia personalidade nacional. Mas se existe a faculdade legal ( e moral) de um autor poder granjear do direito de dar o seu nome a diversas instituições ou locais, poucas terras, ou quase nenhumas, poderão desfrutar da prerrogativa de ver o escritor poveiro associado a elas com a mesma intensa proximidade ou literário significado como o concelho de Baião.
A petição que albergava a reivindicação da Biblioteca Municipal para Soeiro e da Escola Secundária para Eça é assim reformulada centrando – se a luta na elevação de Eça, o imortal autor de “ Os Maias”, “ O Primo Basílio” ou “ A Relíquia”, entre outras obras – primas, a Patrono da Escola Secundária de Baião.
Seria justíssimo que assim fosse e também seria de importância ponderar a elevação de outras figuras a Patronos das restantes escolas locais, como a Escola Básica 2,3 de Ancede, a qual mereceria ter por Patrono o Professor José Matos que, desde o princípio do seu funcionamento até à atualidade, desenvolveu continuadamente os mais estrénuos e porfiados esforços para que a escola sediada em Eiriz fosse a exemplar instituição educativa que é.
Eça morrera relativamente jovem, infelizmente, para a Literatura e para Portugal. A durar mais duas ou três décadas , como usualmente sucede com o comum dos cidadãos, Eça poderia porventura vir a ser candidato, sem esconso favor, ao Prémio Nobel da Literatura. Porém, o galardão do dito só viria a ser atribuído pela primeira vez em 1901, um ano após o falecimento do grande escritor , tendo ficado desse modo Eça irremediavelmente impedido de ser contemplado com o Prémio Nobel, já que o mesmo é apenas atribuído a escritores vivos.
Para que esta petição tenha êxito e Eça venha a ser exalçado como Patrono da Escola Secundária de Baião cumpriria que os órgãos autárquicos baionenses, a começar pela Câmara e Assembleia Municipais, se empenhassem ativamente, secundados pela Fundação Eça de Queiroz e pela população do concelho em geral, por professores, intelectuais, criadores, estudantes, por pessoas e entidades de outros lugares, por todos aqueles que independentemente das suas opiniões políticas e ideológicas, das suas convenções e valores sociais, dos seus princípios éticos e morais, das suas propensões estéticas, se batessem, todos em conjunto, para que Eça, com a luz radiosa do seu nome, possa fazer da Escola Secundária de Baião um farol de Educação e Cultura, colaborando estreitamente com a Fundação Eça de Queiroz, sediada em Tormes, Santa Cruz do Douro, na investigação, estudo e divulgação da supina e sublime obra queirosiana.
E desse modo, Eça permanecerá perpetuamente como um dos nossos, unido aos baionenses num amplexo firme e sagrado , a sua alma lúcida, criativa, crítica, original e universal relampejando entre Campelo e Tormes, até alcançar todos os montes e vales das bonitas freguesias concelhias.
O êxito inabalável desta petição pública, posta a circular na internet, de procura de uma mais - valia para a terra baionense – o nobilíssimo objetivo que lhe está subjacente – exigiria imperativamente que os órgãos do poder autárquico se mobilizassem e junto da DGEstE e do Ministério da Educação empreendessem os maiores, os mais aturados e eficazes esforços para que se venha a alcançar tão auspicioso anseio, que Baião tanto engrandeceria e em muito a faria culturalmente promover, tendo em conta as levas de novas gentes – estudiosos, especialistas, curiosos, turistas e críticos da obra queirosiana – que com o transcorrer do tempo rumarão previsivelmente a Baião, cada vez em maior número, agora que as ossadas do genial escritor foram depositadas no Panteão Nacional, deixando todavia a marca da sua perene presença em Baião através da Fundação de Tormes, atualmente presidida pelo trineto de Eça, o também talentoso escritor Afonso Reis Cabral.
Se Eça de Queiroz merece estar olimpicamente repousando no Panteão, há todavia outras e diversas formas, concretas e enobrecedoras, de o manter vivo na sua imortalidade entre nós, baionenses, perpetuando o seu nome, a grandeza da sua obra, no principal estabelecimento de educação e ensino do concelho de Baião, na sua Escola Secundária, renomeando – a Escola Secundária Eça de Queiroz, ou Escola Secundária de Baião / Eça de Queiroz.
Assina e divulga a petição.
Obrigada