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Valores elevados de radão na Ribeira Grande, ilha S. Miguel, Açores

Para: Exms Sr Presidente e Vice Presidente da ALRAA, Srs Secretários e deputados da ALRAA

Exmos Sr. Presidente e Vice Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Srs Secretários Regionais e Srs Deputados da ALRAA.


Venho aqui manifestar a minha indignação contra o CIVISA ( Instituto Vulcanológico dos Açores ) e contra o Serviço Regional Proteção Civil dos Açores.
Ando a efectuar medições de radiação ionizante libertada pelos isótopos de urânio presente em rochas vulcânicas do subsolo, no quintal da casa dos meus pais, localizada no centro histórico da cidade Ribeira Grande, ilha S. Miguel, Açores. Estou a medir também, a concentração de gás radão dentro de casa com equipamento próprio.
A casa em questão, fica localizada sobre um grande campo fumarólico em profundidade e a cerca de 3 kms do vulcão da Lagoa do Fogo.
Já tentei contactar várias vezes a equipa de monitorização de gases vulcânicos do Civisa ( actual IVAR Instituto de Investigação de Vulcanologia dos Açores ) e eles, ignoram-me completamente! Nunca atendem o telefone, nem respondem a emails.
O radão é um gás radioactivo, incolor, sem cheiro e não é detectável sem uso de equipamento próprio. A exposição prolongada a doses elevadas de radão no interior das habitações, pode provocar cancro do pulmão, do estômago e intestinos. O radão é solúvel em água. É lamentável que, as entidades regionais responsáveis pela monitorização de gases vulcânicos em zonas habitacionais, não façam o seu serviço sempre que solicitado pelas populações e com maior frequência e regularidade. Infelizmente, a maioria da população açoreana por falta de conhecimento científico e por falta de informação das entidades competentes em matéria de Proteção Civil, desconhecem os perigos da exposição ao gás radão em regiões vulcânicas e de elevado risco sismico.
O que está acontecer é negligência, omissão de informações, laxismo e passividade das autoridades regionais competentes, em matéria de geologia, vulcanologia e Proteção Civil. O Civisa está mais preocupado com o turísmo, do que com a saúde pública e segurança das populações que residem nas proximidades de vulcões activos e que podem acordar a qualquer momento.
A 31 Maio 2024 reportei ao Civisa, uma anomalia térmica detectada no solo do meu quintal, num local onde se notam várias plantas atrofiadas e com as folhas muito amareladas. Espetei um termómetro no solo e obtive a temperatura de 30°C, durante um dia em que a temperatura máxima do ar atmosférico era de 20°C. Nesse mesmo local do quintal, à cerca de 2 anos atrás e num dia quente e sem vento, senti um ligeiro cheiro a enxofre a se libertar do solo.
Em finais de janeiro 2024, ao abrir a torneira da casa de banho, pela primeira vez durante a manhã, a água saiu quente da canalização durante alguns minutos. Desde que morei naquela casa, tal fenómeno nunca aconteceu, muito menos durante o inverno. Excepto durante um verão, ou outro mais quente.
Tudo isto foi reportado por mim ao Civisa e até hoje, não obtive qualquer resposta! Passados 3 meses, encontro-me ainda a aguardar, a visita dos técnicos do Civisa. É lamentável!!
Segundo algumas estatísticas de 2016, a população da ilha S. Miguel tem a taxa mais elevada de mortalidade por cancro, de todo o território nacional e ilhas. A taxa de patologias da tiróide e doenças metabólicas é também muito elevada nos Açores, apesar de vivermos numa região rica em peixe e marisco. E, os médicos não sabem explicar isso !!
Quanto se fala em Proteção Civil, fala-se apenas na prevenção de sismos e catástrofes naturais, mas lamentávelmente, não se fala nos perigos desse gás radioactivo e "assassino" invisível que é o radão e que vai silenciosamente matando populações inteiras ao longo de anos, ou décadas.
Toda esta situação começou apartir de Fevereiro 2024. Do Civisa, a única resposta que obtive até à presente data, é para ficar a aguardar, pois o Civisa actualmente tem falta de recursos humanos, falta de equipamentos e tem vários técnicos que estão de férias e outros foram mobilizados para a ilha Terceira devido à actual crise sismico-vulcânica naquela ilha. Estou à cerca de 4 meses a aguardar uma resposta do Civisa. Isto é grave e inadmissível!!
Quero aqui deixar bem claro que, não estou de modo nenhum contra o Civisa, nem contra o Serviço Regional de Proteção Civil dos Açores. Tenho o maior respeito e consideração pelos técnicos do Civisa que, muito tentam fazer com os poucos recursos que têm ao seu dispor. A organização, hierarquia, procedimentos e metodologia do Civisa é que está mal. Acho que, o Civisa deveria ter um reforço de mais técnicos disponíveis em prevenção e alerta na ilha S. Miguel para qualquer eventualidade.
Tenho um detector de gás radão que comprei recentemente na empresa Lusoradon, ( da marca Airthings Corentiun Home) porque os técnicos do Civisa nunca apareceram!! Durante finais de Julho 2024 obtive valores muito altos de gás radão dentro da casa em questão. Obtive o valor máximo de 398 Bq/m3 em 20/08/2024 Valor este, superior ao limite estipulado pelo Dec-Lei 108/2018 de 3 Dezembro. Artigo 145.
Talvez isto possa explicar, porque motivo há uma elevada taxa de incidência de mortalidade por cancro no centro histórico da cidade da Ribeira Grande. Este valor de 398 Bq/m3 só caiu para 195 Bq/m3 a partir do dia 12/09/2024, data na qual, caíram as primeiras chuvas aqui na ilha e depois de 3 meses de um verão tórrido e muito seco, durante o qual a temperatura máxima do ar chegou atingir os 34ºC. Mais informo que, este sensor de radão está instalado no 1º piso da habitação em questão e que, está a uma distância de 5 metros de altura do rés/chão do edifício. Os especialistas em radão dizem que, por regra, o valor da concentração de radão no rés/chão duma habitação é 2 vezes superior ao valor obtido no 1º piso da mesma. Refiro aqui que, os valores de radão não caíram a pique devido a arejamento/ventilação da habitação, nem a qualquer tipo de forma de mitigação implementada. E, foi-me explicado por um geólogo que, as rochas do subsolo, quando expostas a temperaturas mais elevadas e menor humidade, libertam mais radão e mais radiação ionizante. Essa temperatura tanto pode ser a temperatura do ar atmosférico, como a temperatura das rochas em profundidade no subsolo, devido à exposição à temperatura do magma por debaixo da crosta terrestre.
Conheci vários vizinhos que moraram na mesma rua e que, durante os últimos 20 anos faleceram com cancro. Poderá ter sido do gás radão radioactivo.
O que poderá ser feito nestas situações? Os cidadãos têm que se unir e fazer barulho com isto. Os cancros provocados por radão não acontecem só aos outros.
Além disso, recebi em julho 2024 um ofício com uma resposta do Civisa a dizer que, a entidade responsável pela medição e monitorização de radão aqui na ilha S. Miguel é a Secretaria Regional do Ambiente e o Serviço Regional Proteção Civil. Acho isto inadmissível, pois o Civisa é onde trabalham os geólogos, geo-físicos e vulcanólogos com competencia e formação profissional para efectuar essas medições. Além disso, o Civisa disse-me que, não tem acesso aos dados e informações da Secretaria Regional do Ambiente. Acho isto inadmissível e inacreditável. Como é possível??!! Parece que vivemos numa ilha de gregos, chineses e troianos em que, ninguém se entende. Todos querem mandar e depois, quando é para apurar responsabilidades, as várias "capelinhas dos poderes regionais" vão empurrando a " batata quente" uns para os outros. Até parece que vivemos num país do 3 mundo. Um nojo e uma vergonha para os açorianos. Enquanto isso e estes jogos de poder dos clubes de amigos, lobbies e clubes partidários, a população da Ribeira Grande vai morrendo de cancro silenciosamente e ninguém faz nada!! Ninguém procura investigar o que se está a passar!! O Civisa não faz nada. O Serviço Regional Proteção Civil não faz nada. A Secretaria Regional do Ambiente também nada faz. Já escrevi para o jornal Correio dos Açores e censuraram o meu artigo. Escrevi também para a CMTV e para a RTP e não deu em nada. É indamissível que exista disponível para consulta um mapa das concentrações de radão em Portugal Continental, enquanto os Açores sendo ilhas vulcânicas localizadas geologicamente sobre uma zona de junção tripla de 3 grandes falhas tectónicas mundiais, ainda não têm um mapa com as concentrações de radão distribuídas por concelhos e ilhas. Uma vergonha!! Nós os cidadãos da cidade de Ribeira Grande, viemos por este meio solicitar mais rastreios gratuitos, a doenças oncológicas entre a população do concelho de Ribeira Grande, bem como monitorização frequente e periódica ás concentrações de radão e gases vulcânicos no interior de habitações nas várias freguesias que constituem esta cidade nortenha da ilha de S. Miguel e que, de acordo com a carta geológica e tectónica da ilha S. Miguel, está localizada sobre uma zona de desgasificação vulcânica. Mais especificamente, as freguesias de Matriz e Nossa Senhora da Conceição.
Mais informo que, esta situação grave, já foi reportada também, à Agência Portuguesa do Ambiente, à Direção Geral de Energia e Geologia, à Câmara Municipal da Ribeira Grande e ás Juntas de Freguesia de Matriz, Ribeira Seca e Conceição. Da Direção Geral de Energia e Geologia recebi um ofício como resposta e a corroborar tudo o que aqui está exposto. A DGEG deu-me também toda a razão nesta matéria, referindo que, " em ilhas vulcânicas com população residente é muito importante realizar periodicamente a monitorização de gases vulcânicos como o radão e outros.
Solicitamos também, mais estudos e trabalho de investigação científica sobre os efeitos do gás radão na saúde humana, segurança e bem-estar das populações que residem em zonas com vulcanismo activo. Exigimos também, aqui nesta petição, a criaçâo dum centro de monitorização de gases vulcânicos e radiação, com vigilância permanente, localizado no centro da Ribeira Grande e sob a responsabilidade do Civisa, do Serviço Regional de Proteção Civil dos Açores, da Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas e do Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores. Centro este que emitirá alertas geológicos, sísmicos e radiológicos ás populações, sempre que necessário e assim se justifique.
Considero inadmissível que, aqui na Região até à presença data, ninguém ainda realizou um estudo científico, sério e credível sobre os impactos do radão na saúde dos açoreanos e açoreanas.
Expus toda esta grave situação, ao meu antigo professor de Química e, ele deu-me toda a razão e inclusivamente foi ele que, me incentivou a realizar esta petição pública. O Dr. Teófilo Braga. Falei com a Dra Manuela Macedo, responsável pelo laboratório de análises químicas do INOVA e ela também, deu-me toda a razão nesta matéria.
Gostaria de acrescentar aqui que, durante os anos de 1985/1986, o meu pai construiu uma fossa séptica no quintal da casa onde está instalado o meu sensor de radão e recordo-me perfeitamente que, quando os pedreiros começaram a escavar a fossa, apartir dos 5 a 6 mtrs de profundidade, começou a libertar-se muito gás vulcânico das rochas do fundo da fossa. O calor e o cheiro a enxôfre no fundo da fossa, eram insuportáveis. Os pedreiros tiveram que trabalhar por turnos alternados no fundo da fossa. Turnos de 30 em 30 minutos, para poderem vir à superfície respirar e o meu pai teve que colocar ventoinhas eléctricas no fundo da fossa, para os pedreiros conseguirem trabalhar em condições onde não havia oxigênio e havia muito gás vulcânico e temperaturas elevadas.
Recordo-me também que, por volta de 1985, havia uma pequena fumarola que libertava vapor de água e cheiro a enxôfre, no início da rua de S. Sebastião, Ribeira Grande. A fumarola estava localizada num esgoto do cruzamento, mesmo ao lado da igreja de Nossa Senhora da Conceição na cidade de Ribeira Grande. Uma senhora que, viu esta petição online, disse-me que, durante finais de julho 2024, ela foi ao centro de saúde de Ribeira Grande, visitar o pai que estava lá internado. Referiu a senhora que, ao sair do centro de saúde, deslocou-se a pé até à rua de S. Francisco e rua Nsa Sra da Conceição. A certa altura, ela deparou-se com algo estranho:- sentiu um forte cheiro a enxôfre proveniente do piso da rua. As pedras do passeio ficaram muito quentes e a borracha da sola de uma das sapatilhas da senhora, derreteu.
Numa tarde do mês de Agosto de 2021, enquanto realizava uma caminhada pelas ruas da Ribeira Grande, ao passar na Avenida Luís de Camões, mesmo diante da entrada do parque de estacionamento da Sta Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, senti subitamente, uma forte onda de cheiro a enxôfre que durou alguns segundos. Senti também, no mesmo local, uma forte onda de calor proveninente das pedras do passeio. Assegurei-me que, o cheiro estranho era mesmo enxôfre e não cheiro a fossas. E, também tive o cuidado de observar que, a anomalia no ar, não era devida à passagem de alguma viatura, ou pessoa que estivesse a passar naquele local. Reportei tudo ao Civisa e alguns dias depois, obtive a resposta do mesmo, a informar que tinha sido enviado um técnico de monitorização de gases vulcânicos ao local e não foram detectados valores anómalos de gases vulcânicos no local. Confesso que, nâo acreditei na resposta do Civisa mas, tive que me conformar!! Pois não foi apenas o cheiro a enxôfre no ar, mas também uma anomalia térmica no piso da rua e numa área de apenas 2 a metros. Nesse dia, a temperatura máxima do ar atmosférico rondava os 26°C e estava um dia lindo de sol. Mas, reparei que, ao longo de toda aquela avenida e naquela hora, outros locais da mesma artéria nortenha e expostos à forte radiação solar, não emitiam tanto calor, como naquele local. Achei muito estranho!! Até porque, o local onde detectei a anomalia térmica e o cheiro enxôfre estava numa zona de sombra devido ao muro do parque de estacionamento.
Gostaria aqui de referir que, vulcões como a Lagoa do Fogo, onde há aquíferos aquecidos em profundidade no subsolo e com correntes de conveção ascendentes e descendentes. Este tipo de vulcões podem um dia, acordar e entrar em erupção sem que seja registada previamente, qualquer tipo de sismicidade. Isto foi me dito à vários anos atrás, por um geólogo profissional.
Ribeira Grande, 10 Novembro 2024

Atenciosamente.

Paulo Jorge Miranda

Assinam os residentes de toda a Região Autónoma dos Açores

  1. Actualização #1 Obrigado a todos os que assinaram esta petição

    Criado em 13 de novembro de 2024

    Obrigado a todos os que assinaram esta petição




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Esta petição foi criada em 10 novembro 2024
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