Contra construção de prédio e impermeabilização do espaço verde da bacia da Ameixoeira, Lisboa

A zona envolvente da linha de água da Ameixoeira é considerada essencial para o sistema de drenagem de águas residuais domésticas e pluviais da cidade, nomeadamente para prevenção de inundações. Devido ao aumento de impermeabilização danosa da bacia contribuinte, foi por isso na última década alvo de estudo e de intervenções preventivas no âmbito do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL) com criação de um parque urbano e recomendações de manutenção como parte do corredor verde.
O edificado residencial de dezenas de prédios em altura (7 pisos) do final da década de 1970 na colina oeste da bacia desta linha de água - Rua Quinta das Lavadeiras e Rua Cidade de Tomar - acomodou ainda mais um prédio camarário também de 7 pisos, já nos anos 1990. Manteve até agora taludes permeáveis: ajardinados e arborizados pela JF e moradores entre a Rua Quinta das Lavadeiras e Rua Cidade de Tomar e mais ou menos abandonado/em canavial pela CML entre a Rua Cidade de Tomar e Calçada da Carriche.
A adição deste prédio pela CML com dezenas de fogos nos anos 1990 veio colocar em evidência a incapacidade do sistema de esgotos que todos os anos sofre ruturas e transborda no Inverno.
A CML pretende agora impermeabilizar todo o talude arborizado com mais de 20 árvores, algumas com mais de 50 anos, no desnível da bacia entre a Rua Quinta das Lavadeiras e Rua Cidade de Tomar, com construção de um prédio habitacional contínuo a toda a extensão do talude, destruindo todo o espaço verde e cortina arbórea e com altura equivalente aos existentes, bloqueando a exposição solar de todos os imóveis já existentes.
Pretendemos com esta petição que a decisão de avançar com esta construção seja revogada. Além da incongruência para a sustentabilidade ambiental e preservação do corredor verde da cidade, este projeto terá consequências danosas na qualidade de vida dos residentes de toda esta área da bacia da Ameixoeira que já de si é há muito abandonada pela CML pela sua localização periférica. É sobejamente conhecida a crescente densidade populacional da zona, com ausência de serviços de transporte público eficazes e articulados que respondam às necessidades da população já residente e que agravará o quadro de utilização do automóvel, com consequente asfixia das vias de acesso rodoviário. Acrescem ainda os danos por perda de salubridade das habitações vizinhas, por agravamento de pressão sobre as conhecidas deficiências do sistema de esgotos que aqui sofre ruturas e transbordamentos todos os Invernos a par do bloqueio de luz solar às habitações que foram construídas sem outra exposição além da de sudoeste que vai ser obstruída por este projeto.
Existem muitos outros terrenos em Lisboa de propriedade municipal, até na mesma frequesia e adjacentes, em que a edificação de prédios compactos, volumosos para habitação não tenham que causar tantos danos ambientais e de perda de salubridade para as habitações já existentes. Ou, em alternativa, recorrer aos muitos prédios devolutos ou ao monstro de edificado habitacional licenciado pela CML nesta mesma zona sobre a margem da ribeira no nº1 da Estrada do Desvio durante a pandemia e cuja construção de 10 pisos em miolo está suspensa há 3 anos. Porque não obrigar à demolição de alguns pisos e fogos e revertê-lo para propósito de arrendamento controlado.

ASSINAR Petição

Qual a sua opinião?