Instituição do Dia Nacional da Madrasta e do Dia Nacional do Padrasto
Para: Madrastas, Padrastos e as todas pessoas que queiram celebrar este dia com eles
Proponho que seja instituído o Dia da Madrasta no 2º Domingo de Maio e o Dia do Padrasto no 2º Domingo de Março.
Quando o INE fez os Censos em 2021, existiam mais de 120.000 famílias reconstituídas (124.717) e quase 580.000 famílias monoparentais (579.971).
Considerando que estes números dizem respeito a famílias e não pessoas, podemos perceber que o número de adultos e crianças pertencentes a estas novas tipologias familiares é muito maior.
Ou seja, além das famílias reconstituídas que existem, há todo um potencial para que os adultos das famílias monoparentais reconstruam a sua vida amorosa com outra pessoa e surjam assim mais padrastos e madrastas. Por isso, acredito que em 2024 ainda existam mais famílias reconstituídas.
Estas mudanças na estrutura familiar tradicional foram impulsionadas pela crescente independência profissional e financeira das mulheres e o menor sentimento de culpa dos homens em se divorciarem, dado já não serem o único sustento da família, como no passado.
Antigamente quando existiam madrastas era comum serem tratadas por madrinhas, porque quando o Pai das crianças ficava viúvo e decidia reconstruir a sua vida com alguém que o ajudasse a criar as crianças (papel normalmente atribuído à mulher), a madrasta surgia como uma bênção pois vinha desempenhar o papel maternal que não estava a cargo de ninguém. Por isso, é que eram chamadas de madrinhas, pois segundo o que está convencionado, compete à madrinha desempenhar o papel de Mãe, caso algo suceda à progenitora. O equivalente sucedia aos padrastos, sendo chamados de padrinhos, na ausência do progenitor.
Atualmente a realidade é outra porque os divórcios são mais comuns do que antigamente e madrasta e/ou padrasto coexistem com os ex, o que não quer dizer necessariamente que convivam e/ou exista uma boa relação.
Embora possa ser desafiante ser padrasto, normalmente existe um maior preconceito em relação às madrastas. Basta pensar que o padrasto mais antigo e famoso do mundo é o S. José e é um santo, já as madrastas são muitas vezes vistas como as más da fita, por diversos motivos:
- Os contos infantis eternizaram o estereótipo de pessoa maldosa;
- A ideia errada de que as madrastas querem substituir a mãe das crianças.
Existe, na maioria dos casos, uma grande dificuldade do lado das mães em aceitar partilhar o papel de cuidar dos seus filhos com outra mulher;
- A definição da palavra, que é mais negativa que factual e por isso muita gente foge dela;
Segundo o dicionário Priberam, a definição de madrasta é a seguinte:
nome feminino
1. Esposa ou companheira do pai, ou da mãe em casais do mesmo sexo, em relação aos filhos por eles tidos em relacionamento anterior.
2. [Depreciativo] Mãe que não cuida bem dos filhos.
3. [Depreciativo] Mulher má.
Portanto de uma forma generalizada há um trabalho a fazer para ressignificar a palavra madrasta e desmistificar este estereótipo que é antiquado.
Por exemplo, muitas escolas não estão bem preparadas para incluir a figura da madrasta e do padrasto, nos momentos de convívio familiar (nomeadamente nas festas de Natal, feiras de ciências, festas de final de ano ou outras datas como dia do Pai, dia da Mãe ou dia da Família). Muitas vezes desconhecem a realidade das suas crianças e não estão sensíveis às novas tipologias familiares. A verdade é que madrastas e padrastos, muitas vezes, são muito mais presentes que outros familiares e conhecem as crianças e jovens como se fossem efetivamente seus filhos.
Assim sendo, proponho que seja instituído o Dia da Madrasta no 2º Domingo de Maio e o Dia do Padrasto no 2º Domingo de Março, pela proximidade dos dias da Mãe (1º Domingo de Maio) e do Pai (19 de Março), respetivamente.
A escolha destes dias não é aleatória, resulta de uma reflexão ponderada e adaptada à realidade portuguesa. Esta proposta de datas, não só não colide com o Dia do Pai e o Dia da Mãe, como também não entra em conflito com outras datas festivas, férias ou feriados.
Por se pretender celebrar ambas as datas num Domingo, isso também facilita a disponibilidade de todos e o encontro com os enteados.
A proximidade da celebração do Dia da Madrasta e do Dia do Padrasto do Dia da Mãe e do Dia do Pai, respetivamente, simplifica a logística no caso de residência alternada das crianças/adolescentes.
Também pode ter sinergias nas escolas no que diz respeito a celebrar estas datas e a criar lembranças personalizadas para oferecer. Por exemplo, se uma criança não conhece o Pai ou este é ausente, mas tem um Padrasto pode criar uma lembrança para oferecer ao Padrasto dada a celebração do Dia do Padrasto ficar próxima da do Dia do Pai.
A ideia de se comemorar em datas próximas, mas distintas, faz com que se celebrem Padrastos e Madrastas sem tirar protagonismo aos progenitores e tornando menos penosa a celebração do Dia da Mãe e do Pai para muitas Madrastas e Padrastos que até agora são esquecidos.
Já existem estas celebrações noutros países. Nos EUA, por exemplo, o Dia da Madrasta é celebrado todos os anos no domingo a seguir ao Dia da Mãe. Foi criado em 2000 por Lizzie Capuzzi, uma criança de nove anos da Pensilvânia. Ela queria celebrar a sua madrasta, Joyce, pelo que decidiu que o dia deveria ser celebrado no domingo a seguir ao Dia da Mãe.
Normalmente o Dia da Mãe é um dia emocionalmente difícil para as madrastas, sobretudo para as que não têm filhos biológicos, porque apesar de normalmente desempenharem as tarefas diárias e práticas da parentalidade em casa com os enteados, não são de facto mães e nunca serão reconhecidas como tal.
Ter um dia específico para celebrar o Dia da Madrasta e o Dia do Padrasto, fixando e oficializando uma data no calendário nacional tem um peso simbólico. Esta é uma forma muito interessante de passar a mensagem a toda a sociedade, reconhecendo a importância e o contributo das madrastas e padrastos nas famílias como rede de apoio e como adultos de referência, em parte responsáveis pela educação das crianças.
Deste modo, podemos popularizar de forma positiva o uso destas palavras, que não têm outro sinónimo na língua portuguesa, mas ainda assim são sentidas como tabu. Madrasta e Padrasto têm subjacente um grau de parentesco, também são família. Assim estas palavras passariam a ser usadas com orgulho, em vez de com estigma ou vergonha.
As madrastas e padrastos merecem ser plenamente honrados pela sua dedicação e contributos às famílias em que estão inseridos.
Sou enteada, por parte de madrasta e padrasto, mas também sou madrasta sem filhos biológicos.
Criei uma comunidade no Instagram, chamada “Querida Madrasta”, maioritariamente constituída por Madrastas, para as ajudar numa série de desafios que desempenhar este papel acarreta.
Assim, por intermédio desta petição, iremos fazer por angariar mais de 7500 assinaturas para que a petição seja debatida em sessão plenária – um palco relevante dos trabalhos parlamentares, onde estão reunidos todos os Deputados – com lugar à transmissão em direto pelo Canal Parlamento, porque isto é um assunto relevante para os adultos de hoje e de amanhã, independentemente da tipologia familiar de que façam parte!
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Assinaram a petição
141
Pessoas
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