Não ao encerramento da Escola Básica da Fonte Santa (Monte da Caparica)
Para: Residentes em Portugal
ABAIXO ASSINADO
Exma. Sr.ª Presidente da Câmara Municipal de Almada
Eu Liliana Filipa Xavier de Sousa, com cartão de cidadão n. ° 12579617 0 ZX2, defendo o NÃO ENCERRAMENTO DA ESCOLA BÁSICA DA FONTE SANTA (Monte de
Caparica)
Tendo chegado ao nosso conhecimento que é intenção da CMA encerrar a Escola Básica da
Fonte Santa a partir do próximo ano letivo 2024/2025, vem este abaixo-assinado requerer que o executivo municipal reconsidere esta decisão.
Esta escola serve uma comunidade não só local como alargada, uma vez que os seus cerca de meia centena de alunos residem em diversas freguesias, o que significa que procuram especificamente esta
escola para aí confiar os seus educandos.
A especificidade da escola é tal, que poderia bem ser um modelo para outras escolas, uma vez
que dispõe de condições físicas que dignificam os alunos, e sua condição humana, que beneficia
do usufruto de espaços amplos e diversos. Graças à sua localização e arquitetura, da qual
destacamos o amplo e convidativo espaço exterior (que se vai tornando mais raro, à medida que
se esterilizam as escolas com pavimentações inertes, como o cimento), é possível as crianças
terem experiências conjuntas ricas, diversificadas, inigualáveis.
Não é raro também escutarem-se as vozes das crianças, que se levantam em momentos
informais e inusitados, onde se captam frases que proferem em diálogo entre os pares: “temos
uma sorte, esta deve ser a melhor escola do mundo!” (V, 9 anos), ou mais formais “a nossa
escola é boa porque tem árvores, e tem areia para brincar” (M, 5 anos), e que testemunham junto
das famílias, sendo percetível a satisfação e expectativa com que vem para a escola, e a alegria
com que a habitam. Porque esta escola é também a sua casa!
Ao nível da organização das turmas que tende a ocorrer nestas escolas mais pequenas, em
grupos heterogéneos, com crianças de várias idades, existem amplas evidências e estudos que
ilustram e fundamentam as suas vantagens (OCEPE, MEM, etc).
Obviamente que estas condições interagem com a organização não só do espaço, como também
dos recursos humanos, entre eles o docente, que se encontra numa situação muito exigente, mas
que lhe permite fazer diferente. E fazer diferente é inovar.
A possibilidade de formação de comunidades de aprendizagem nestas condições é largamente
favorável em termos sociais, designadamente na formação de alunos e cidadãos mais solidários
e cooperativos. As amizades que aí se criam são redes de relações que potenciam o
desenvolvimento do pensamento a ação crítica e solidária pessoal e coletiva.
Além disso, a Escola Básica da Fonte Santa deve ser preservada em prol do combate ao
isolamento da população desta freguesia, já tão flagelada pelo empobrecimento geral. A escola é
um garante de igualdade de direitos, do aluno, da criança, do jovem, do adulto, do cidadão, da
comunidade.
Espoliar os alunos desta escola, cujas expectativas são de aprofundar relações com os seus
amigos, e de aprender e brincar neste espaço não nos parece justificável. Sabemos que a escola
necessita de algumas intervenções, eventualmente onerosas, e que, do ponto de vista económico,
não é rentável. No entanto, a escola pública não é uma empresa, e merece, como tal tratamento
diferente, e uma visão moderna e consciente, que valorize o investimento naquilo que de mais
valioso uma sociedade contém.
Retirar este pilar corresponde à hipoteca de um capital inestimável, que defrauda as várias
gerações que usufruíram desta escola (e à qual retornam repetidamente), e desperdiça um
enorme potencial futuro.
Trata-se de uma incapaz ou incompleta avaliação da situação, que solicitamos seja revista, e nos
permita manter este bastião de dignidade na freguesia do Monte de Caparica.