Classificação da obra de José Mário Branco como de interesse nacional.
Para: Exmo Senhor Presidente da Assembleia da Republica
Exmo Sr Presidente da Assembleia Da República
Exmo Sr Ministro da Cultura
O percurso cívico e humano do cidadão José Mário Monteiro Guedes Branco, que todos conhecemos como José Mário Branco, ajudou a formar e a alimentar a corrente de arte que foi a quase totalidade da sua vida.
José Mário Branco, para além da sua obra pessoal, uma corajosa sementeira de novidade que mudou a nossa canção logo desde as primeiras gravações, no final da década de 60, e que foi vertida em numerosos trabalhos discográficos, no teatro e no cinema, foi também responsável por uma irreversível viragem estética na música popular portuguesa, de que é exemplo máximo o disco “Cantigas do Maio” (1971), de José Afonso. Este trabalho, vestido instrumentalmente pelo jovem JMB, tornou-se um marco e inspiração para todos os criadores de canções e arranjadores musicais.
Anos mais tarde, JMB viria a protagonizar outra viragem musical, desta vez no universo do fado. Essa nova abordagem estética tornar-se-ia rapidamente numa forma diferente de produzir fado em estúdio, mudando arranjos musicais e até a interpretação vocal, embora sempre com um profundo respeito pelas raízes.
Várias canções do “Zé Mário” foram e são ainda hinos que fizeram a banda sonora do nosso caminho coletivo até Abril de 74 e tudo o que se lhe seguiu. A sua obra é, sem qualquer dúvida, um património cultural português. A classificação desta será um passo importante para o seu conhecimento e preservação, assim como um impulso decisivo para a divulgação futura.
Estamos em crer que, à beira da comemoração dos 50 Anos desse momento tão decisivo para a História do país que é o 25 de Abril de 1974, este reconhecimento oficial será também uma forma de mostrar o papel basilar da Cultura na educação da sociedade.
Tomando isto em consideração, os cidadãos abaixo assinados, em conformidade com o artigo 25 da Lei número 107/2001, de 8 de Setembro, pedem a V. Ex.ª, a classificação da obra de José Mário Branco como de interesse nacional.
Primeiros subscritores:
Alain Vachier (produtor musical); Ana Ribeiro (cantora); António Bulcão (Cantautor); Antonio Duarte (musico); A.P. Braga (cantautor) ; Armando Carvalhêda (Radialista); Arnaldo Trindade (editor fonográfico); Cândido Mota (Radialista); Carlos Alberto Moniz (cantautor); Carlos Clara Gomes (cantautor ); Francisco Fanhais (cantor); Francisco Naia (cantautor); Gaspar Varela (musico); João Afonso (cantautor); João Carlos Callixto (Investigador musical e autor de programas de rádio e televisão); João Loio (musico); Jorge Mendes (musico); José Barros (cantor, autor, compositor); José Carita (musico); José Manuel Ésse (musico); Lúcia Moniz (actriz/cantautora); Luís Almeida (cantautor); Luis Galrito (cantautor); Luís Gil Bettencourt (músico); Lurdes Nobre (produtora musical); Manuel Freire (cantautor); Marco Oliveira (cantautor); Mário Mata (cantautor); Miguel Calhaz (cantautor); Pedro Branco (cantautor); Rogério Charraz (cantautor); Rogério Oliveira (musico); Rui Júnior (músico); Samuel Quedas (cantautor); Silvestre Fonseca (musico); Tino Flores (cantautor); Toni da Costa (musico) Vitor Paulo (musico);
Vitor Sarmento (musico)