Artistas contra discursos de retorno à guerra em Moçambique
Para: Aos partidos e aos políticos moçambicanos
É com muita preocupação que vemos discursos de propaganda eleitoral para as próximas eleições autárquicas a fazerem uso da “ameaça à guerra”. Há dirigentes que proclamam o regresso à guerra e declaram que não têm “medo da guerra”. Esse tom belicista não pode ser tolerado. Essa ameaça não é dirigida contra um outro partido. É contra Moçambique. É contra todos os moçambicanos. E nós, moçambicanos, já fomos martirizados por uma guerra que massacrou milhares de inocentes. Nós continuamos a sofrer uma guerra cruel e essa violência não atinge apenas Cabo Delgado. Atinge a nação inteira. Nós, artistas e cidadãos que amamos a nossa pátria, queremos viver e sonhar em paz. Nós queremos viver sem medo. É por isso que não podemos ficar em silêncio quando alguém vem a público ameaçar que vai recorrer às armas, ao sangue e à morte dos nossos irmãos inocentes.
As guerras começam assim, mesmo antes do primeiro disparo. Começam na intimidação dos que se acham donos do nosso sossego. Mas a guerra começa também no silêncio e na passividade dos que foram ameaçados. Por isso, não fiquemos calados enquanto alguém agride o valor que tanto nos custou conquistar: a paz entre os moçambicanos de todos os partidos, religiões, raças e etnias.
