Pelo acesso aos sistemas híbridos de perfusão sub-cutânea contínua de insulina (bombas de insulina) e pela qualidade de vida das pessoas com diabetes tipo 1 em Portugal
Para: Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República,
A diabetes tipo 1 é a doença crónica mais frequente das crianças e jovens. Para que estes possam atingir o seu potencial de vida em termos pessoais, familiares e sociais é necessário um excelente controlo metabólico. Este exige, por parte de quem a tem e de quem cuida, uma abordagem muito própria e de grande exigência. As pessoas com diabetes tipo 1 precisam de injetar insulina e monitorizar os níveis de glicemia 24 horas por dia, 7 dias por semana. Sem insulina, não sobrevivem. Se o controlo metabólico não for adequado, têm um risco aumentado de consequências de elevado potencial incapacitante tal como cegueira, insuficiência renal, doenças cardiovasculares, amputações e um risco aumentado de mortalidade precoce, chegando a reduzir 17 anos a sua esperança de vida.
Em Portugal calcula-se que serão cerca de 5.000 as crianças e jovens com diabetes tipo 1, sendo que este número tem vindo a aumentar consideravelmente nos últimos anos.
O sistema de bombas de insulina híbridas ou automáticas é já uma realidade em Portugal, mas ainda não tem o alcance necessário e implica um valor incomportável para as famílias. Trata-se do sistema cuja performance mais se aproxima do pâncreas artificial, administrando insulina automaticamente e ajustando-a de acordo com as necessidades individuais. É revolucionário na medida em que melhora substancialmente a saúde das pessoas com diabetes, permitindo-lhes viver quase como se não tivessem diabetes.
A utilização destas bombas pode proporcionar às crianças e jovens com diabetes melhor compensação, uma redução em 80% do número de picadas nos dedos e 95% do número de injeções que uma pessoa com diabetes tipo 1 tem de dar por ano. Este sistema contribui para uma melhoria significativa da qualidade de vida das crianças, mas também das suas famílias e outros cuidadores.
Consideramos que as crianças e jovens com diabetes têm direito a ter acesso ao melhor tratamento possível. Existindo uma tecnologia como a das bombas de insulina híbridas, ela deve ser disponibilizada a todos os que dela podem beneficiar. É uma questão de humanismo e de respeito. Só as pessoas com diabetes tipo 1 as poderão utilizar e entre elas, cerca de 5.000 são crianças ou jovens que dependem da ajuda de cuidadores, pais, avós, educadores, que serão também muito mais livres e menos sofredores no seu dia a dia.
Para este efeito, note-se o disposto na Constituição da República Portuguesa, nomeadamente no seu art.º 64.º, n.º 3, al. a), que reforça o direito à proteção da saúde e o dever do Estado de “Garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação”.
Apelamos, desta forma, ao acesso desta população, sob prescrição de especialista, aos sistemas de bombas de insulina híbridas em todos os centros de colocação de bombas do país.
Querendo o essencial da vida, as crianças e jovens com diabetes tipo 1 e suas famílias não podem esperar.
Pais de crianças e jovens com diabetes tipo 1
Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal
Consulta de Diabetes Pediátrica do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo
Consulta de Diabetes Pediátrica da Unidade Local de Saúde de Matosinhos
Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar do Oeste – Caldas da Rainha
Serviço de Pediatria do Hospital de São Francisco Xavier
Unidade de Diabetes da Criança e Adulto do Centro Hospitalar do Oeste – Hospital de Torres Vedras
Unidade de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia