O MetroMondego pode passar, os Plátanos devem ficar
Para: Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Coimbra
A Câmara Municipal de Coimbra pretende remover mais de seiscentas árvores adultas da cidade para implementar o sistema de mobilidade designado por Metro Mondego (MM). Note-se que não se trata do metro ligeiro de superfície, mas de um autocarro elétrico com capacidade para se movimentar mais livremente. Porém, somos agora confrontados com o impacto ambiental adverso desta obra, pela forma como está a ser conduzida. O anúncio da remoção de cinco majestosos plátanos na avenida Emídio Navarro, junto ao Parque Manuel Braga, dois deles com décadas de existência, merece a mais viva indignação de quem valoriza o património ambiental. Como entender que o novo meio de transporte, que reutiliza o canal da antiga linha do comboio, tenha de alterar esse alinhamento e derrubar árvores adultas de grande porte, uma delas com quase 30 metros de altura? Depois de análise do local e de debate com especialistas, é nossa convicção que EXISTE uma alternativa ao traçado do metro-bus que preserva não apenas os referidos plátanos como TODAS as árvores existentes junto ao Parque da Cidade. Mais, esta alternativa assegura que o atual trânsito automóvel continuará a fluir a par do novo sistema de mobilidade. Nenhuma localização arbitrária de infraestruturas pode impor-se à proteção de árvores adultas e de corredores verdes que integram a estrutura ecológica urbana. Nenhum número de árvores jovens pode substituir uma árvore adulta. As árvores adultas prestam inestimáveis serviços ambientais, tais como a captação de gases de efeito de estufa, a libertação de oxigénio, aumento da humidade do ar e diminuição da temperatura ambiente, o sombreamento de ruas, passeios e edifícios, atenuando o efeito de eventos climáticos extremos como as onda de calor que tivemos recentemente e que se prevê tornarem mais frequentes. São ainda habitat para muitas espécies, contribuindo assim para a biodiversidade urbana e para a preservação da biodiversidade global.
É por isso urgente e imperioso demover a Câmara Municipal de Coimbra e a Metro Mondego desta iniciativa inexplicável de remoção dos plátanos históricos na Emídio Navarro, para a qual existe alternativa tecnicamente exequível. É urgente também demover a Câmara e a Metro Mondego de cortes inexplicáveis na Avenida Fernando Namora, onde igualmente se vislumbram alternativas para a introdução do canal de 7 metros e manutenção da circulação automóvel.
Reclamamos soluções que não constituam nenhuma perda líquida de espaços verdes na cidade de Coimbra até 2030 e que aumentem a cobertura de copas de árvores, seguindo já as prioridades espelhadas na proposta da Lei Europeia para o Restauro da Natureza. E este aumento de cobertura de copas não é dado por árvores jovens durante muitos anos - requer por isso a permanência de árvores maduras.
Reclamamos assim a urgente correção dos planos existentes nestes aspetos, de forma que Coimbra seja verdadeiramente uma cidade do Futuro, verde e sustentável. Não às retroescavadoras municipais que dilaceram o pulmão verde de Coimbra! Sim ao desenho urbano amigo do cidadão e do ambiente e que respeita a árvore como ser vivo importantíssimo, parte da mãe-Natureza, nosso suporte de vida, no campo ou na cidade!
Assim, solicitamos a V. Exa. a imediata suspensão do abate programado das árvores referidas e a revisão do traçado nos pontos em que afete o património arbóreo. As soluções técnicas existem, desde que exista também vontade política.
ClimAção Centro, Coimbra, 10 de Agosto, 2022
