Maternidades centradas nos desejos da mulher e família em Portugal

Exmos Srs Administradores dos Hospitais Públicos e Privados de Portugal

Desde que as Recomendações da OMS para uma experiência de parto positiva foram integradas na Lei nº 110/2019 que existe uma procura crescente por partos acompanhados de acordo com essa filosofia de cuidados.
As peticionárias são um grupo de grávidas cuja expectativa era que o parto acontecesse numa instituição com alto nível de satisfação por respeitar as premissas de assistência centrada na família. Entretanto, as poucas instituições que praticavam este tipo de assistência encerraram as suas atividades ou vêm sendo pouco valorizadas e apoiadas, apesar do alto nível de satisfação e relatos positivos das mulheres e suas famílias. Ficámos bastante frustradas com o encerramento destas iniciativas e ainda mais por não encontrarmos o mesmo modelo de acompanhamento em mais nenhuma outra instituição portuguesa, quer em âmbito do Sistema Nacional de Saúde ou em âmbito da assistência privada.
Para além disso, é evidente o desconforto quando se tenta integrar esta filosofia de cuidados em unidades de maiores dimensões e que trabalham com outro tipo de rotinas e protocolos. Isso põe em causa os níveis de qualidade, conforto e satisfação com a experiência do parto para as mulheres e suas famílias.
Sendo o nascimento um evento quase sempre saudável e espontâneo, requerendo vigilância e intervenção apenas em específicas situações de saúde, seria vantajosa a existência novamente de uma, ou mais, unidades de saúde com foco centrado no período gravídico-puerperal e que se dedicasse a uma abordagem mais fisiológica e menos interventiva.

As características essenciais dessa maternidade são:
- Equipa capacidade e comprometida com a filosofia de prestação de cuidados centrada na fisiologia da gravidez e parto centrada nas evidências científicas atualizadas e, no esclarecimento de dúvidas da família, a fim de planear o cuidado respeitando os seus desejos;
- Condições físicas e humanas para apoio aos métodos não farmacológicos e farmacológicos de alívio da dor;
- Possibilidade de acompanhante a tempo inteiro e de doula durante todo o trabalho de parto e parto;
- Apoio à amamentação por profissionais com formação em aleitamento materno.

Sendo a assistência ao nascimento saudável um direito da mulher e do bebé e assim um dever do estado e sociedade, partilhamos a nossa perspectiva e expectativa enquanto usuárias e clientes, bem como solicitamos urgentemente o investimento público e/ou privado numa maternidade que dê resposta a estas expectativas.
Nós, mulheres e famílias, temos tido constantemente experiências frustradas no âmbito da assistência ao parto nos aspectos físicos e emocionais.

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