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Para: Cidadãos de Portugal
Os 58 mil milhões de euros que Portugal vai receber da União Europeia nos próximos nove anos podem e devem fazer muito mais do que curar as feridas da Covid-19 e do confinamento na nossa economia.
Nos últimos anos, Portugal deslizou do 15º lugar no ranking dos países da UE, ultrapassado por muitos dos Estados que aderiram já neste século.
Infelizmente, não costumamos exigir contas a quem nos deveria prestá-las. E os sucessivos governos têm medo de se comprometer, preto no branco, com aquilo por que deveriam ser julgados e avaliados: metas claras e quantificadas de crescimento económico. Essa falta de ambição assumida e comprometida dos nossos responsáveis — que, culpa nossa, temos permitido eleição após eleição — trouxe-nos aqui: a caminho do 27º lugar na União Europeia.
Nos últimos 10 anos terão sido desviados no nosso país mais de 2,3 mil milhões de euros de fundos europeus — estimativa da Polícia Judiciária, que abriu 443 inquéritos.
Não estamos dispostos a permitir que isto se repita. Queremos prevenir a corrupção e fazer com que diminua drasticamente.
Mas não é apenas a corrupção que nos preocupa. Preocupa-nos poder perder-se mais uma oportunidade de a economia portuguesa se modernizar, recuperar competitividade e crescer realmente para nos chegarmos à frente na Europa.
A sociedade civil portuguesa está acordada. Estamos a tempo de recuperar Portugal nas próximas duas décadas. É por isso que exigimos que o dinheiro de Bruxelas seja usado onde deve e como deve.
Não podemos aceitar que fundos destinados à Economia portuguesa voltem a ser distribuídos para engordar os dependentes do Estado central e das autarquias, para continuar a subsidiar instituições que deveriam ser extintas, para financiar empresas de amigos e companheiros. Não admitiremos que os concursos sejam viciados, ou não existam, e que as autoridades não vejam ou finjam não ver. Não podemos aceitar que o elevador social não funcione no nosso país. Que aos jovens mais desfavorecidos restem as filas do desemprego ou a emigração.
Temos a força, a vontade e o poder de mudar.
Os 58 mil milhões de Bruxelas vão permitir recuperar a economia portuguesa e a nossa competitividade nos mercados internacionais, diminuir a corrupção que alastrou, sem controle e sem vergonha, e dar oportunidades aos jovens de todas as classes, gerando uma democracia digna do nome.
Não vamos aceitar a repetição dos mesmos erros. Não vamos consentir a incompetência. Não vamos permitir o desperdício deste tempo decisivo para o Portugal do século XXI.
Queremos que esse dinheiro não se perca entre as largas malhas dos caminhos, que não seja mal distribuído e que os processos sejam transparentes. Queremos, no fim da década, estar entre os dez primeiros da UE e não na fim da tabela. Para termos motivo de orgulho em nós próprios. Triunfar no nosso destino.
Acreditamos que o Estado, e os seus representantes, precisam da nossa ajuda para acompanhar de forma isenta e independente o modo como os fundos são canalizados e distribuídos.
Convictos de que muitos se revêem nestas ideias, reunimos um grupo de cidadãos dispostos a dar parte do seu tempo para acompanhar, passo a passo e desde o início, o percurso dos fundos que começarão a chegar de Bruxelas a partir de 2021. Em três palavras: follow the money. Vamos seguir o dinheiro e fazer crescer Portugal. Para se juntar a nós, assine a petição.
25 de Novembro de 2020
Inês Serra Lopes
Leonor Machado
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