Descentralização do acesso ao tratamento a pessoas Trans
Para: Assembleia da República Comissão de Saúde
Continuamos com uma única Unidade de referência nacional especializada em casos de disforia de género no Serviço Nacional de Saúde, sobrecarregada de modo absurdo, revelando-se insuficiente para dar resposta às necessidades das pessoas trans que residem em Portugal. A distância inviabiliza a transição de muitas pessoas sem condições para se deslocarem ao Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, nomeadamente pessoas da Madeira e dos Açores. Entre cirurgias mal sucedidas, espaçamento dilatado das consultas de acompanhamento (seja psicológico, psiquiátrico ou endocrinológico), o facto de a especialidade em si não suscitar muito interesse por parte dos médicos, tudo contribui para esta situação de impasse, que transtorna de forma brutal vidas de seres humanos. As histórias são muitas e a conclusão é apenas uma: Portugal tem de formar mais equipas de saúde especializadas no tratamento de pessoas trans, tanto a norte como no sul do país e nas ilhas, no sentido de aumentar a capacidade de resposta para dimensões razoáveis, de humanizar o atendimento e de permitir uma significativa facilitação do acesso ao mesmo.