Direito a referendar medidas tomadas pelos governos, quando contrárias ao prometido em programa eleitoral.

Como é do nosso conhecimento, cada vez mais, a palavra de um político tem perdido valor e tudo aquilo que se promete em campanha eleitoral, vem a ser esquecido, ignorado, contrariado e ultimamente temos assistido a um desrespeito total pelo voto dado a um programa (sim, “um programa”, pois os cidadãos são chamados a votar num programa, que acreditam ser o mais viável e exequível, por tudo aquilo a que se propõe, pelos objetivos que pretende atingir, pelos mecanismos que assume usar para alcançar os mesmos, pelas linhas orientadoras de todo um ciclo que pretendem iniciar após a sua eleição.) e acreditando que as pessoas que se uniram, em torno da difícil tarefa de delinear um plano de ação, para levar o país, o município, a freguesia ou outro qualquer órgão eleito por sufrágio direto a “bom porto” num espaço de tempo nunca inferior a 4 anos, usam do seu direito enquanto cidadãos e VOTAM nesse programa.
Qual não tem sido o nosso espanto, quando após este ato de cidadania, somos como que “atropelados” por uma reviravolta completa de discurso, um contradizer de todo o programa, chegando a fazer tudo aquilo que anteriormente denominaram como sendo algo “extremamente mau”, “ruinoso”, “catastrófico” e que prometeram combater e inverter.

Pergunto, na posição de mero cidadão:

Se eu compro uma televisão, que me é apresentada no seu boletim técnico “programa” como sendo a cores e chegado a casa, eu descubro que afinal é a preto e branco! É me dado o direito de reclamar e exigir aquilo que é apresentado antes da compra! CERTO?

Se eu vou a um restaurante e munido da ementa “programa”, peço um bacalhau á transmontana que aí é apresentado como um Bacalhau frito e acompanhado de batatas e cebolada e me servem um bacalhau cozido e com arroz!! Tenho ou não o direito a reclamar por ter sido enganado e exigir a reparação do erro?

Então! Se eu voto numa lista, baseado no programa que me apresentam e depois me apercebo, de que estão a contrariar medidas a que se comprometeram, desdizendo-se, e apoiando-se no facto de (dizem eles) os termos eleito sob os olhos da lei e esquecendo-se, que se vota um programa e não um grupo de pessoas e as suas vontades, eu pergunto:

E aqui! Não podemos reclamar?

Proponho o seguinte:

A cada medida tomada em contrário ao proposto em programa eleitoral, deveria ser levada a discussão, esclarecido o porquê da mudança de posição e em seguida essa alteração ser levada a escrutínio popular para sua implementação ou rejeição, como forma de responsabilizar cada um pelas suas palavras e cada cidadão pelas suas decisões tomadas em consciência e ás claras, sem lugar a este “sem cessar” de contradições programáticas.

NÃO! á mentira política de um programa, feito para ser adorado e em seguida rasgado sem consequências para os seus proponentes e prejudicando e defraudando todos os seus apoiantes.

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