Petição contra a realização de touradas em Urrós, Trás-os-Montes

Ao abrigo do Artigo 37.º (Liberdade de expressão e informação) e do Artigo 52.º (Direito de petição e direito de acção popular) da Constituição da República Portuguesa (CRP), vêm os signatários declarar o seu repúdio pela corrida de touros realizada anualmente, em Agosto, na freguesia de Urrós e pedir à Câmara Municipal de Mogadouro e à Assembleia Municipal de Mogadouro que a não apoiem e que não permitam a sua realização.

As corridas de touros são uma questão que divide a sociedade portuguesa.
Nós consideramos a tourada um espetáculo degradante e cruel, indigno de uma sociedade moderna e civilizada, no qual se inflige aos touros um sofrimento atroz para regozijo dos participantes.

Mas a nossa rejeição da tauromaquia não se prende apenas com o sofrimento dos animais: consideramos que é um espectáculo que contribui para o aviltamento, para a degradação do próprio Homem porque convida à insensibilidade perante o sofrimento do Outro.

Leia-se:
“Paisagens maravilhosas de contrastes acentuados: de cores, que vão do amarelo intenso das giestas ao branco das amendoeiras; de formas, onde o planalto se destaca por contraste com as arribas do Douro; da pureza do ar e da preservação dos bens da natureza, sublimados no Parque Natural do Douro Internacional com a riqueza da sua fauna e flora tão característica.”
In: http://www.mogadouro.pt/mensagem-presidente-camara-mogadouro

Assim se apresenta a encantadora Vila de Mogadouro de que os cidadãos Mogadourenses se orgulham. Esta imagem saudável em nada de identifica com as poeirentas e ensanguentadas práticas tauromáquicas.

CONSIDERANDO QUE:

• a ciência reconhece, inquestionavelmente, que o touro, enquanto mamífero, é um animal com um circuito neuro-sensorial idêntico ao do Homem, o que implica que perante determinados estímulos sente efectivamente dor, medo, angústia e ansiedade;

• vários estudos de natureza psicológica e sociológica mostram que quando aprendemos a ser indiferentes ao sofrimento dos animais, mais facilmente assumimos comportamentos anti-sociais e até criminosos;

• o progressivo abandono de tradições contrárias a um sentido humanista de cultura, é o que caracteriza a evolução mental e civilizacional das sociedades e melhor corresponde à sensibilidade contemporânea;

• a existência de touradas no século XXI constitui um embaraço para a Vila de Mogadouro e para Portugal face à comunidade internacional, configurando a imagem de um país com pessoas e práticas bárbaras;

• a corrida de touros realizada na freguesia de Urrós nem sequer integra as Festas e Romarias mais significativas do concelho de Mogadouro (vide http://mogadouro.pt/festas-romarias);

VÊM OS PETICIONÁRIOS reclamar uma Vila bela, limpa e progressiva, livre de espetáculos cruéis, indignos de uma sociedade moderna e civilizada, como as corridas de touros, pedindo, para o efeito, a V. Exas. que não apoiem a corrida de touros realizada anualmente, em Agosto, na freguesia de Urrós e que não permitam a sua realização.

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Artigo 37.º (Liberdade de expressão e informação) CRP
1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.
2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.

Artigo 52.º (Direito de petição e direito de acção popular) CRP
1. Todos os cidadãos têm o direito de apresentar, individual ou colectivamente, aos órgãos de soberania, aos órgãos de governo próprio das regiões autónomas ou a quaisquer autoridades petições, representações, reclamações ou queixas para defesa dos seus direitos, da Constituição, das leis ou do interesse geral e, bem assim, o direito de serem informados, em prazo razoável, sobre o resultado da respectiva apreciação.

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