Petição Por uma Ordem dos Jornalistas Portugueses
Para: A Classe dos Jornalistas; A imprensa; A Sociedade; A Assembleia da Républica
Esta documento que espero que assinem tem como objectivo primeiro sensibilizar a sociedade para a importância que muitas vezes não vemos mas que é factual da classe jornalística para a vida em sociedade.
Os Jornalistas, ao contrario de médicos, advogados, engenheiros ou arquitectos, por exemplo, não têm uma ordem profissional própria mas parece cada vez mais claro que é fundamental que tenham.
Numa sociedade democrática como a nossa conhecem-se os poderes típicos gerados pela constituição, conhecemos o poder politico, ao qual pedimos satisfações, o qual podemos punir por via das eleições, majorando a votação de quem fez um bom trabalho e encolhendo as preferências de voto em quem nada fez ou muito mal fez, podemos mais que isso não votar ou votar em branco, dado noção da falta de fé neste sistema. Há pois um mecanismo de controle, mais ou menos apertado é outra história, a verdade é que existe.
Numa sociedade democrática como a nossa um advogado que engana, que rouba, que no geral comete crimes, e temos visto vários exemplos, mesmo que já tenha sido presidente do Sport Lisboa e Benfica, lembro-me de João Vale e Azevedo deixa de poder exercer a sua profissão, é castigado, é afastado, ninguém põem em causa este funcionamento das coisas e a Ordem do Advogados é tida como garante da segurança das pessoas em relação a estes profissionais.
Numa sociedade democrática acontece o mesmo que nos exemplos de cima para mais uma serie de profissões, umas porque as Ordens têm origem histórica, noutros casos porque serviam melhor os interesses da classe em causa, noutros casos porque eram profissões de muita importância para a sociedade e no fundo a todas elas porque há questões éticas e de deontologia profissional.
Se reparar-mos hoje a classe jornalística e a imprensa no geral fazem o que querem da informação, nos não sabemos desde logo se aquelas informações são verdadeiras ou não, o que sabemos é que as lemos, as ouvimos, nos falam delas, se discutem. Não têm sido raros os casos em que os jornalistas decidem fazer tiro ao alvo a certas pessoas na nossa sociedade, desde políticos, a empresários, as ditas figuras do jet set ou até cidadãos envolvidos em processos judiciais que ainda não sabemos se são ou não culpados pelos tribunais já foram julgados e declarados culpados pela imprensa.
Assim, posto tudo isto, o que se tenta é que todos nós façamos pressão, para que aquele poder que é com certeza o quarto poder do Estado, o de informar, tenha um pouco mais de limites, que haja alguma instituição que zele por nos cidadãos que só queremos ser clarificados e não manipulados por alguns jornalistas e imprensa. Que quando se vejam erros de jornalistas em publicações de artigos que se tirem consequências disso, pois se somos sociedade para exigir que um Ministro se demita por ser culpa sua uma ponte cair ou o seu curso ter sido feito a pressa temos que exigir o mesmo nível a quem nos da a informação, porque é com base na informação que agimos diariamente, que votamos, que fazemos investimentos, que apertamos o cinto nas nossas despesas, que no fundo nos relacionamos com tudo o que esta a nossa volta.
Umas sociedade evoluída deve funcionar assim, ninguém deve fazer do poder que tem arma, o nosso pais tem uma constituição, somos livres e somos democráticos, informação sim, poder paralelo não.
Termino dizendo que não se faz aqui uma generalização, como é obvio, da actividade de todos os jornalistas, ao contrario disso, os casos que se conhecem são pontuais, mas a verdade é que com outra sustentação institucional e ao nível deontológico talvez não voltassem a acontecer por mão dos mesmos jornalistas os mesmo "erros". Precisamente para não frustrar a imagem dos bons jornalistas com a dos maus a constituição de uma ordem profissional para esta classe seria o mais indicado e lógico. Tenho a certeza que quem mais depende da sociedade e dos cidadãos terá ouvidos para esta causa.