Petição para impedir a edificação da “mega-esplanada” na Praça Velha e solicitar a consulta pública dos cidadãos na anunciada reformulação da mesma praça
Para: Câmara Municipal da Guarda, Governo Civil da Guarda, IGESPAR
Na sequência da divulgação, por parte dos órgãos de comunicação locais, da pretensão da Câmara Municipal da Guarda na abertura de um concurso com vista à construção de um edifício para albergar uma esplanada na Praça Velha da Guarda, vimos por este meio manifestar a nossa indignação face à proposta apresentada e solicitar a consulta pública dos cidadãos na anunciada reformulação da mesma praça.
Por se tratar de um espaço excepcional e emblemático da cidade, recebemos com preocupação a intenção de aí construir um edifício para albergar uma “esplanada”. Tal proposta torna-se ainda mais absurda quando, através da comunicação social local, se caracteriza a pretensão como uma “mega-esplanada”.
Qualquer edificação no espaço público da Praça Velha, seja em vidro, betão ou pedra, deve ser seriamente ponderada. As relações visuais, perspectivas e alinhamentos que se estabelecem actualmente na Praça Velha ficariam seriamente comprometidos pela introdução de um elemento tectónico no seio da praça. Foi no sentido de salvaguardar as características deste espaço público que o IGESPAR, Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, procedeu à sua classificação como Zona Especial de Protecção e Área Non Aedificandi.
Da mesma forma, parece-nos que a proposta carece de fundamento e que não responde às preocupações com a dinamização da zona histórica da cidade. Na Praça Velha, tal como no restante núcleo histórico, existem numerosos edifícios desocupados e/ou abandonados, que têm como consequência directa essa falta de dinâmica social e económica que parece preocupar a autarquia. De resto, um destes edifícios pertence ao próprio município e, lamentavelmente, encontra-se encerrado há mais de um ano: trata-se de um edifício com grande potencial e igualmente classificado pelo IGESPAR, que albergava desde há alguns anos a Mediateca. Prevê-se, infelizmente, que a anunciada refuncionalização do espaço não acrescente qualquer dinamismo à praça, já que a proposta (“Casa da Memória e Identidade “) parece consistir num modelo museológico obsoleto, incapaz de mobilizar os cidadãos e dinamizar a produção cultural ou científica da cidade.
Ainda no que diz respeito à Praça Velha, e caso a preocupação com este espaço fosse sincera, há muito que se haviam tomado medidas face ao estacionamento abusivo que aí se verifica, principalmente aos fins de semana e no contexto de celebrações religiosas na Sé Catedral. Tal situação não deve ser colmatada com mais parques de estacionamento, à semelhança das pretensões dos comerciantes da zona histórica e recentemente tornadas públicas, mas com uma aposta séria nos transportes públicos e colectivos.
Assim, e face ao exposto, consideramos que a dinamização da Praça Velha e do centro histórico não passa pela criação de uma “mega-esplanada”, mas pela requalificação, apropriação e valorização do edificado.
Visto ainda que esta proposta se insere num plano de reformulação da Praça Velha, que tem por objectivo corrigir as falhas projectuais de uma intervenção com menos de dez anos, solicitamos que esse mesmo plano seja tornado público, de forma a permitir a consulta e interposição de questões e propostas por parte dos cidadãos, no sentido de evitar novos erros e despesas desnecessárias.
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