Petição Em defesa da Lingua Portuguesa
Para: Exmo. Sr. Presidente da República; Exmo. Sr. Primeiro-Ministro, Exmos. e Exmas. Srs e Sras Deputados e Deputadas da Assembleia da República
Fim ao acordo Ortográfico
Em Defesa da Língua Portuguesa
A ortografia é o corpo da língua na sua expressão escrita, ou seja, é o que dá “forma” escrita á língua que é falada.
O acordo ortográfico, surgindo numa época de profunda crise económica, social, financeira e até política, é uma prova dada dos nossos governantes, da sua perfeita incompetência para o cargo que estão a desempenhar.
O acordo ortográfico, implementado por algumas televisões e jornais de forma vergonhosa, é um ultraje e uma ofensa ao uso oral e escrito da Língua Portuguesa que apenas contribui para a degradação profunda da identidade cultural e civilizacional do povo português, cuja herança cultural e linguística somos herdeiros e, nos cumpre a nós manter e preservar.
Sou defensor da diversidade cultural da Língua Portuguesa. O facto de o Português ser falado em tão longínquas paragens (Brasil, PALOP, Macau, Timor, etc. …), apenas representa o grande legado cultural de Portugal no Mundo.
Há casos em que a diversidade de pronúncia geralmente seguida no Brasil ou em Portugal determina ou admite um registo ortográfico distinto. Marquem-se, portanto, as preferências de cada um dos falares, mas não se adopte nunca o processo de impor ou ceder grafias, por mero intuito de solucionar enganosamente problemas advindos de diferenças inevitáveis.
O novo acordo vem apenas contribuir para a confusão do falar e do escrever a língua portuguesa.
Lá porque existe a diversidade na forma falada e escrita do Português, que é absolutamente natural e desejável entre os vários povos e nações que usam o português como língua oficial, não significa que a Língua Portuguesa tenha que ser toda igual na sua forma falada ou escrita.
Assim, sou contra o acordo ortográfico pelas seguintes razões:
1. Um idioma não se impõe por decreto-lei ou por mera vontade política. No caso do inglês, existem algumas diferentes no inglês escrito e falado da Inglaterra para com o inglês escrito e falado dos EUA e até do Canadá ou Austrália. Não é por isso que sua majestade, a Rainha de Inglaterra, Isabel II e o governo inglês vão querer “unir” ou “harmonizar” a língua inglesa. O mesmo caso se passa com o francês. O francês de França tem algumas diferenças com o francês do Congo, da Tunísia ou da Argélia e, não é por isso, que o Governo Francês vai querer que o francês seja escrito e falado todo da mesma forma.
2. Na mina opinião o acordo ortográfico é cheio e repleto de ambiguidades e de imprecisões graves.
3. Em vez de assegurar a dita “unidade” e “harmonização” na língua portuguesa, o acordo ortográfico, apenas contribui para o denegrir do português e do afastamento dos portugueses de falar e escrever correctamente a sua língua. Não admira que cada vez mais, em concursos das televisões portuguesas, feitos em Portugal, por concorrentes e apresentadores portugueses, se cante em inglês, com o merecido respeito para a língua mãe do “Sir William Shakespeare”
4. O acordo, ao eliminar consoantes chamadas mudas, tende a acelerar o processo de consonantização da nossa fala. Já haviam sido eliminadas em 1945 as letras consonânticas “c” e “p” das sequências interiores “cc”, “cç” e “pt”, nos casos em que são invariavelmente mudas nas pronúncias portuguesas e brasileira. Mas algumas consoantes tidas por mudas neste acordo, na verdade não o são, visto que se lêem ou têm valor etimológico indispensável à boa compreensão das palavras.
5. A diferença entre o português de Portugal e o do Brasil é menos ortográfica do que lexical. Para além das naturais variações de pronúncia, prosódia e morfossintaxe. Há autocarro, em Portugal, e ônibus, no Brasil; comboio e trem; eléctrico e bonde; boleia e carona; talho e açougue; pequeno-almoço e café da manhã; casa de banho e banheiro; relvado e gramado; guarda-redes e goleiro; matraquilhos e pimbolim; telemóvel e celular; e um larguíssimo conjunto de outros exemplos...
6. O acordo provocará a inutilização de milhões de livros das bibliotecas, e obrigará as famílias a suportar custos elevados em novos dicionários e livros escolares, atendendo as dificuldades económicas e sociais de mais de 80% das famílias portuguesas.
7. O acordo provocará a confusão total entre as gerações mais antigas, as actuais gerações e as futuras gerações de cidadãos portugueses, em Portugal e no Mundo. Será que teremos que ir novamente todos “recambiados” para a Escola Primária, aprender a escrever e falar português?
Com este acordo, teremos os portugueses “antes do acordo” e os portugueses “depois do acordo”, em cada um escreve e fala como lhe apetece, significando a morte precoce do português.
ASSIM, pelo respeito da língua portuguesa, da sua diversidade, da sua forma escrita e falada, da herança cultural e linguística da língua portuguesa, acredito que conseguiremos impedir que este acordo seja definitivamente aprovado em Portugal, e estaremos a impedir que a língua portuguesa se “desnature” e, que cada vez mais portugueses falem e escrevam mal a sua própria língua.
Se tal como eu, é contra o acordo ortográfico, assine a petição, para que a tempo oportuno seja enviada aos responsáveis políticos.