Petição Pela cantaria do Convento de São Boaventura em Santa Cruz das Flores
Para: Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores
Pela cantaria do Convento de São Boaventura em Santa Cruz das Flores
Por decisão da Direcção Regional da Cultura, a cantaria do Convento de São Boaventura, em Santa Cruz das Flores, foi pintada de amarelo-ocre.
Numa ilha em que toda a arquitectura religiosa privilegia o branco com cantaria em pedra, esta solução só pode esbarrar no veemente protesto de todos aqueles que são zelosos do seu património histórico edificado e que espelha as idiossincrasias próprias duma ilha com o seu pulsar próprio.
Em todo o mundo Ocidental investe-se na valorização de cantarias ancestrais, expondo mesmo nalguns casos cantaria outrora oculta. Nas Flores opta-se por uma solução absurda que surge completamente em contra-ciclo.
Se é uma solução de cariz estético, os subscritores rejeitam liminarmente esta opção. A ilha das Flores não precisa de importação de modelos estéticos, uma vez que basta percorrê-la para perceber a matriz comum a todos os seus edifícios de cariz religioso.
Se, porém, a solução encontrada pela Direcção Regional da Cultura se prende com a preservação da cantaria face a elementos erosivos, há que assumir claramente que há técnicas alternativas com materiais translúcidos que permitam, por um lado travar a marcha desses elementos e, por outro, manter a estética do edifício inalterada. Assim sendo, esta opção carece de explicação cabal, porque só seria tolerável se não houvesse qualquer tipo de alternativa.
Os Florentinos e todos os que sentem esta terra são zelosos do seu património e tudo farão para que do Convento de São Boaventura seja removida a tinta amarelo-ocre com que a tutela decidiu esconder a cantaria dum dos edifícios mais emblemáticos da ilha mais Ocidental do arquipélago. Provavelmente o seu maior ex-libris arquitectónico inclusive.
Os subscritores desta petição não compactuam e não aceitam esta atrocidade nem outras ignomínias como esta, cometidas à revelia daquela que é a matriz cultural da ilha das Flores e a vontade popular de preservar o património que lhe pertence. Os Florentinos são tão dignos de respeito como os demais Açorianos.
Exigimos assim, naturalmente, que haja respeito pelo património edificado e pela nossa memória colectiva!
É, pois, com indignação veemente e espírito de participação cívica que os subscritores desta petição rejeitam liminarmente a pintura da cantaria do Convento de São Boaventura e exigem, a bem da perpetuação da sua memória colectiva e de muitas gerações, que a Direcção Regional da Cultura reavalie esta questão do ponto de vista técnico, se for esse o caso, optando por outra solução que mantenha a estética do edifício em questão tão inalterada quanto possível.