Petição pela Cultura na Figueira da Foz
Para: Câmara Municipal da Figueira da Foz
Tendo tido conhecimento da demissão de Rafael Carriço da direcção artística do Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, a 1 de Agosto de 2011, pelos meios de comunicação social locais e nacionais, os figueirenses abaixo-assinados pretendem expressar a sua consternação pelo ocorrido, obter algumas explicações do executivo que, até à data, se absteve de o fazer e, simultaneamente, divulgar a nossa profunda tristeza pelo afastamento não apenas de Rafael Carriço, mas também da companhia de dança Vórtice Dance e, consequentemente, dos professores da Escola de Artes do CAE.
Convém esclarecer que a demissão de Rafael Carriço não trouxe consequências apenas para o próprio e para o CAE. Este afastamento precipitou a saída da companhia de dança Vórtice Dance com quem a Autarquia tinha um protocolo e, consequentemente, o final de um ciclo da escola de artes do CAE. Escola essa que conseguiu, em pouco tempo, conquistar mais de uma centena de alunos, que ensinou dança, que impôs valores e disciplina, que formou pequenos (e grandes) bailarinos.
Não devemos esquecer que muitos desses alunos frequentavam já reconhecidos estabelecimentos de ensino artístico da região e que, pelo mérito, profissionalismo, reputação e valor dos professores da EACAE - liderados por Rafael Carriço e Cláudia Martins -, preferiram recomeçar uma nova jornada na EACAE.
Em ano e meio, a EACAE demonstrou que uma escola é bem mais do que uma simples infra-estrutura. A EACAE foi feita de professores e de alunos, de uma mútua interacção e aprendizagem que esteve magnificamente retratada na festa de final de ano, em Junho passado, no palco do CAE.
O executivo figueirense deve, aos pais, aos familiares, aos figueirenses e, principalmente, aos alunos da EACAE, uma explicação sobre o futuro daquela escola de dança que foi, até agora, uma referência.
Mas o executivo deve ainda, a todos nós, figueirenses, uma explicação das razões que motivaram este desfecho para o CAE e para a Figueira da Foz. Não se compreende como é que a direcção que conseguiu devolver a vida cultural, artística, educacional e social ao CAE é agora abruptamente afastada. A única direcção que conseguiu, de acordo com as notícias que têm sido veiculadas, dar lucro, que fez do CAE um verdadeiro centro de artes e de espectáculos não pode ter sido demitida simplesmente por existirem alguns conflitos, porque esses, a existirem, deveriam ter sido contornados e ultrapassados, a bem da cultura, das contas e da Figueira da Foz.
A Vórtice Dance, ao longo deste ano e meio, dinamizou o CAE e levou o nome da Figueira da Foz a diversos palcos, nacionais e internacionais, sempre com profissionalismo, qualidade e excelência. Os espectáculos que apresentaram, não apenas no CAE mas também na própria cidade da Figueira da Foz, como o da passagem de ano, foram disso um bom exemplo.
Esta companhia foi uma lufada de ar fresco no balofo panorama cultural a que o CAE e ca Figueira da Foz estiveram destinados.
Os figueirenses abaixo-assinados estão indignados com a atitude altiva do executivo, tendo-nos sido negado qualquer esclarecimento sobre o sucedido.
Apesar de amplamente divulgado pelos media e pelas redes sociais, a Autarquia permaneceu silenciosa, fechada sobre si mesma, como se não tivesse que prestar contas a ninguém. Relembramos que vivemos numa democracia e que os figueirenses têm o direito de saber que motivações estiveram por detrás desta decisão e merecem saber quais os planos para o futuro do CAE e da EACAE.