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Petição Dignificação do ensino do 1º ciclo do Ensino Básico

Para: Professores, Pais dos alunos, Assembleia da República,

As políticas que têm vindo a ser implementadas nas escolas do 1º ciclo têm vindo a degradar o sistema educativo no nosso país. Como formadora e investigadora fui descobrindo as fragilidades do ensino no 1º ciclo e fui-me apercebendo dos factores causadores da elevada taxa de insucesso destes alunos.
? Uma grande maioria de professores não tem formação adequada para dar aulas no 1º ciclo. Mas a culpa não é dos professores. O problema está no sistema educativo que permite a qualquer professor licenciado em EVT, Educação Física, Expressão Musical e outras áreas de expressão do ensino de poderem candidatar-se ao concurso de docentes no 1º ciclo. Estes docentes desconhecem o currículo do 1º ciclo e nunca ouviram falar em métodos e estratégias para o ensino da leitura, da escrita e da matemática. Enquanto formadora residente do PNEP (Plano Nacional do Ensino do Português) reparei que muitos destes professores que não têm as devidas qualificações para este nível de ensino, dão erros de palmatória ao escrevem no quadro ou nas fichas de trabalho que entregam aos alunos. Reflecti muito no que será o futuro da educação em Portugal se ninguém fizer nada para mudar.
Porque será que se desvaloriza tanto o ensino no 1º ciclo, vulgarmente conhecido por ensino primário, sendo este o grande pilar da educação? Porque será que se desvaloriza tanto a figura do professor do 1º ciclo quando todos sabemos que é este professor que ocupará sempre um lugar na memória do aluno, que deixa vincadas marcas na sua personalidade e que ensina as bases para o sucesso (ou insucesso) de todo o seu percurso educativo?
? As turmas têm excesso de alunos, se pensarmos que todas elas têm alunos com necessidades educativas especiais, alunos estrangeiros que não falam português e turmas mistas com mais de dois anos de escolaridade. É inconcebível que turmas do 1.º ano funcionam com vinte e cinco e até mais alunos, conforme pude constatar. No meu entender, estas turmas nunca deveriam ter mais de vinte alunos porque as crianças nesta faixa etária ainda não têm autonomia para trabalharem sozinhas.
? Há falta de recursos humanos e a escola não está preparada para uma verdadeira inclusão. Faltam professores para apoiarem os alunos estrangeiros e os alunos com dificuldades de aprendizagem. Revoltei-me por ter constatado que os alunos com deficiências graves, como o caso de um aluno tetraplégico e um aluno com trissomia 21 não terem tido direito ao apoio de uma auxiliar para os acompanhar e apoiar na escola. A mãe da criança tetraplégica teve que deixar de levar o filho à escola e o menino com trissomia 21 teve que ser medicado para ficar a dormir na sala de aula para não perturbar as aulas e prevenir a fuga da sala de aula
Porque deixaram de apoiar as crianças com graves deficiências físicas ou mentais? Se foram retiradas das instituições onde faziam as suas aprendizagens não deveriam dar a estas crianças mais apoios para fazerem as suas aprendizagens na escola pública? Será justo afirmar que estas crianças estão integradas numa escola inclusiva?
? O ensino do inglês ainda não é uma disciplina curricular. O facto desta disciplina ser apenas uma disciplina extra-curricular causa sérios problemas na articulação entre o 1º e o 2º ciclo. Pelo menos, os pais deveriam poder escolher as disciplinas das actividades extra-curriculares para os seus educandos. No entanto, a lei não permite que os encarregados de educação escolham estas actividades. Ou ficam com o pacote de todas as actividades ou não têm direito a nada! Tenho ouvido muitas críticas de
Encarregados de Educação que queriam unicamente a disciplina de inglês mas tal escolha foi-lhes negada. Estas crianças acabaram por ficar penalizadas e em desvantagem, relativamente aos seus colegas que tiveram aulas de inglês no início do 2º ciclo.
As actividades extra-curriculares são essenciais para a aquisição de competências e aptidões mas devem ser actividades atractivas e adaptadas às necessidades de cada aluno, tendo em conta o seu
gosto e interesses, pois é importante que haja motivação para o exercício de qualquer actividade.. No entanto, as crianças não devem ficar demasiado sobrecarregadas com obrigações escolares nem devem frequentar uma actividade como um castigo.
Com o prolongamento dos horários nas escolas, as AECs (Actividades Extra-Curriculares) deveriam funcionar noutro espaço mais atractivo e mais adequado ao ensino que se pretende proporcionar às crianças. Os alunos passam todo o tempo na mesma sala de aula desde as 9h da manhã até às 17:30 h.
Não seria mais aliciante para as crianças mudarem para um espaço mais adequado e atractivo para terem as aulas de enriquecimento curricular?

Sabemos que muitas escolas não estão devidamente preparadas para este tipo de actividades. Mas a verdade é que ninguém pensa neste problema e não há vontade política para melhorar o sistema de ensino/aprendizagem. Tenho reparado que as crianças chegam ao final do dia já muito cansadas e desmotivadas por passarem todo o dia no mesmo espaço fechado, a sala de aula. O intervalo da tarde é só de um quarto de hora! Durante esse tempo as crianças têm que ir à casa de banho e comer o lanche à pressa, não vá algum professor mal-humorado dar um castigo!...
Não me espanta nada o facto de ver tantos miúdos começarem a ficar insuportáveis ao chegar o final do dia! Muitos passam a ver a escola como uma grande «seca»!... É importante para as crianças terem o seu tempo para brincar!... É, sem dúvida, um descanso para os pais, mas não é recomendável que crianças do 1º ano de escolaridade comecem logo no início do ano com uma sobrecarga horária demasiado excessiva, preenchida com actividades pouco interessantes como é o Apoio ao Estudo! Não sei que tipo de Apoio ao Estudo se poderá dar a uma criança do 1º ano logo no primeiro ou segundo dia de entrada na escola! O Apoio ao Estudo no 1º ciclo, a funcionar com grupos de vinte e muitos alunos, não se pode chamar, com rigor, a aula de Apoio ao Estudo. As crianças são obrigadas a passar o tempo todo a fazer os TPC, cópias e outros trabalhos escolares com o mesmo professor. Esta actividade tem a duração de duas horas, apenas com um intervalo de 15 minutos, logo a seguir às actividades curriculares. Considero esta aula uma autêntica violência, tanto para os miúdos como para os professores, pois não traz qualquer tipo de vantagem para os alunos. O Apoio ao Estudo só tem sentido para um pequeno grupo de alunos que revele dificuldades nas aprendizagens, sendo aconselhável a mudança de espaço e de professor. Há sempre elementos nas aulas que estão presentes só para perturbar as aulas e criarem ambientes propícios à indisciplina. Nessas horas de Apoio ao Estudo os professores deveriam ter formação para melhorarem as suas práticas de ensino ou planificarem devidamente as suas aulas.
Mas enquanto o sistema de ensino estiver centralizado e não derem mais autonomia às escolas, os «comissários políticos» continuarão a dar as suas pseudo-orientações mestras aos professores para serem aplicadas na escola, sem terem noção do que é uma verdadeira pedagogia e sem conhecerem a dura realidade das escolas. Os «comissários políticos» desconhecem totalmente as bases em que assenta um verdadeiro sistema de ensino de qualidade mas dão as instruções aos professores da maneira como devem ensinar. Entretanto, os professores, conformados, lá vão acatando as ordens, uns cansados, outros desmotivados, outros deprimidos, mas dando sempre o seu melhor para os alunos fazerem as suas aprendizagens com mais ou menos sucesso.
Posso dizer que sou uma acérrima defensora das aprendizagens através dos computadores. No entanto considero um verdadeiro desperdício e falta de sensatez política, o facto de terem sido distribuídos aos alunos os famosos computadores «Magalhães» e estar previsto para este ano a distribuição dos novos MG2, uns portáteis ultraleves que vêm substituir os «Magalhães», sem primeiro darem formação aos professores e sem equiparem as escolas com as plataformas Camões, as quais permitem o funcionamento dos computadores em rede, para que esta prática de ensino pudesse funcionar
É caso para dizer que os senhores «comissários políticos» responsáveis pela educação estão a pôr a carroça à frente dos bois É verdade que as criancinhas estão satisfeitas por poderem brincar em casa com os computadores, mas há outros alunos, pouco cuidadosos ou mais azarados, que já os terão estragado e enfiado numa gaveta. Há até casos em que os computadores, cedidos gratuitamente na escola, foram vendidos em feiras.
Com tantos problemas na lista das fragilidades do ensino, só posso concluir que a educação no 1º ciclo está a ficar doente, direi mesmo que sofre de raquitismo intelectual, com alguns professores sem qualificações para o ensino e um corpo docente cansado com um horário sobrecarregado de trabalho inútil, indevidamente preenchido com aulas de apoio ao estudo, reuniões e burocracias, sem tempo para preparar as aulas e corrigir os testes dos alunos.



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Esta petição foi criada em 21 setembro 2010
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