Petição Peso excessivo da nota de Educação Física na média final de 12º Ano
Para: Ministra da Educação; Presidente da República; Primeiro Ministro
Exma. Sra. Ministra da Educação
Somos um grupo de pais, encarregados de educação, amigos e familiares de jovens alunos do ensino secundário e vimos por este meio, mui humildemente, solicitar a V. Exa. se digne diligenciar no sentido de responder favoravelmente ao que a seguir se expõe:
Sem dúvida que a prática desportiva é imprescindível para o desenvolvimento sadio de todos os jovens em crescimento físico e intelectual. A disciplina de Educação Física, leccionada nas escolas secundárias, pode e deve contribuir para esse mesmo fim. Contudo, deve traduzir-se, simultaneamente, num momento de descontracção, de convívio com os seus pares e com os adultos, de libertação de energias acumuladas, de desenvolvimento corporal, de aquisição de uma competência de vida saudável e de bem-estar e libertação de todo o stress associado quer à carga curricular, quer ao ritmo de vida actual. Para tal, na disciplina de Educação Física, os professores não podem, ou não devem, trabalhar como se o seu principal objectivo fosse transformar todos os alunos em atletas de alta competição. Deve sim incutir neles o gosto pela prática de exercício físico, contrariamente ao que se verifica no presente, em que os alunos encaram a disciplina de Educação Física como uma disciplina cuja classificação se traduz numa penalização fortíssima das suas médias finais de ano, uma vez que, apesar de se esforçarem bastante, alcançando excelentes resultados nas outras disciplinas, com médias variáveis entre 15 e 19 valores, não conseguem, maioritariamente, ir além dos 10 a 13 valores na Educação Física, o que lhes causa fortes dissabores em termos de média final e, consequentemente, no alcançar dos objectivos a que se propuseram e que não passam sequer por ingressar em cursos de Desporto. Alguns dos alunos que ora representamos, viram as suas médias globais de 10º, de 11º ou de 12º, diminuídas entre 1 a 3 valores porque, apesar de atingirem 18/19 valores em Biologia/Geologia, Matemática, Português, Geometria Descritiva, Física-Química, Inglês ou História, não conseguem alcançar mais do que um mísero 10 a 13 valores em Educação Física (havendo inclusive, alguns alunos que são atletas federados e atletas de alta competição). Evidentemente, também, há alunos, poucos, que conseguem ter 15 ou 16 valores mas, mesmo esses, também vêem essa nota baixar-lhes a média final, prejudicando-os no acesso ao Ensino Superior, no curso que pretendem e para o qual trabalharam com afinco durante 3 árduos e decisivos anos da sua vida, numa etapa já por si algo turbulenta face às questões inerentes à faixa etária.
Perante tudo o que supra se referiu, apresentamos então a V. Exa. as seguintes questões: Será justo aniquilar/gorar assim, de forma tão violenta, as expectativas destes alunos que, de uma forma muito séria, responsável, empenhada e dedicada, trabalharam para alcançar um objectivo, o qual vêem cair por terra, simplesmente por causa das avaliações em Educação Física? Poderá um candidato a Medicina com 18/19 valores a Matemática, ver o seu sonho desvanecer-se porque não consegue alcançar mais de 11 valores a Educação Física?
Acreditamos, queremos acreditar, que V. Exa., tal como nós, terá respondido “Não” a estas questões mas, infelizmente, é uma realidade com que convivemos.
Como fomentamos, nesses alunos, a vontade de continuar em frente? Como podem eles ver reconhecido todo o esforço intelectual que foram desenvolvendo ao longo do percurso do ensino secundário?
Reconhecemos ainda que existem escolas, infelizmente poucas, onde as notas de Educação Física não estão tabeladas para um valor máximo de 15/16 valores. Porém, gostaríamos de saber o porquê de tal discrepância, além de precisarmos de perceber se todos os alunos têm de responder da mesma forma, em termos de aptidão/condição física, independentemente da respectiva estrutura óssea ou compleição física, visto que é a isso que se assiste. Constatamos que, qualquer aluno, para atingir a nota de 10 valores, tem de realizar, face ao seu género, um determinado mínimo de exercícios, sejam as flexões, os famosos “bips”, os abdominais, entre muitos outros, independentemente do seu peso, da sua altura, da sua capacidade respiratória. Questionamos então se será assim que se incute o gosto pela prática desportiva como forma de vida saudável. E, afinal, o que pretendemos? Desenvolver hábitos saudáveis ou agravar/desencadear problemas de saúde de variadíssimos níveis, por não atendermos aos aspectos físicos do aluno e não se realizarem exercícios adequados à sua condição física? Onde está a adequação da actividade à capacidade e à resistência física de cada aluno? Será que todos os professores de Educação Física também têm a mesma capacidade de resposta na execução dos exercícios que propõem e exigem aos alunos (é que, na maioria dos casos, nem sequer o demonstram pessoalmente)? Outra dúvida que se nos levanta: Será que o facto de ser rapaz ou rapariga é condição única para diferenciar os mínimos exigidos em cada tarefa, para obter nota positiva? Não nos parece! Haverá, certamente, muitos outros factores que deveriam ser tidos em conta e que não estão, realmente, a ser contemplados.
Porque não poderá ser equacionada a hipótese de, à semelhança do que já antes aconteceu, a avaliação da disciplina de Educação Física não ser contabilizada para efeitos de cálculo das médias globais e finais de ano dos alunos que não pretendem seguir um curso na área do Desporto?
Com este requerimento não pretendemos desprestigiar nem a disciplina de Educação Física, nem os docentes que a leccionam, apenas desejamos que estes alunos que representamos e todos os outros espalhados pelo país, não continuem a ser penalizados nem percam a motivação que os move, no prosseguimento do respectivo percurso académico com vista a alcançar, com sucesso, os objectivos a que se propõem.
Sem outro assunto
Pedimos deferimento e subscrevemo-nos, respeitosamente
