Petição Reestruturação de AE
Para: Conselho Directivo ESCS
Somos um grupo de alunos da Escola Superior de Comunicação Social e, visto a cadeira de Análise Económica ser comum ao plano curricular de todos os cursos desta faculdade, todos nós já nos deparámos com esta disciplina. Neste sentido, a percepção de que algo de errado se passa com esta cadeira é partilhada por todos e tida como dado inegável. Os resultados conseguidos a Análise Económica no 1º semestre do ano lectivo 2009/2010 nos cursos de Publicidade e Marketing e Audiovisual e Multimédia são, indubitavelmente, preocupantes; a taxa de reprovação foi esmagadoramente superior à de aprovação, acontecendo isto tanto em alunos que tiverem no passado semestre o primeiro contacto com esta cadeira como em alunos repetentes. Porém, mais preocupante ainda é o facto de este não ser um acontecimento isolado. A cadeira de Análise Económica conta já com um imenso legado de reprovações desde há muito tempo e, tendo em conta os presentes resultados, não se vislumbra um futuro melhor i.e. com taxas de aprovação superiores às de reprovação.
Posto isto, achamos pertinente formalizar o nosso descontentamento e a nossa insatisfação em relação à cadeira de Análise Económica. Em primeiro lugar, consideramos que o programa curricular da disciplina está desfasado dos cursos em que esta se insere. Porém reconhecemos que não poderemos usar esse argumento visto não termos os conhecimentos necessários para o fazer, só podendo nós propor uma reestruturação do plano curricular se tivéssemos formação na área de Economia, algo que não acontece. Todavia, consideramos que um curso superior, além de nos fornecer formação específica na área profissional que desejamos, deve também incutir-nos conhecimentos mais genéricos, supondo nós que seja então neste último contexto que se insere esta disciplina.
Assim, o que estamos a pedir com este abaixo-assinado não é uma total eliminação de conteúdos económicos do plano curricular dos nossos cursos; contudo achamos ser fulcral chamar a atenção para algo gritante e que tanto nos incomoda. Será verdadeiramente “justo” exigir conhecimentos de Matemática de 12º ano a alunos que só a tiveram até ao 9º ano (algo que acontece com as derivadas)? Mais, será correcto recusar uma explicação mais detalhada desses mesmos conhecimentos apenas porque “não há tempo” e os alunos deverão ser auto-didactas nesse campo? A juntar a isto, pedimos também que atentem na exigência que encontramos aquando da avaliação à cadeira. As frequências e exames deverão ser corrigidos tendo em conta que não somos alunos do curso de Economia ou Gestão; antes pelo contrário, somos de áreas díspares mais ligadas às Artes e Humanidades e este contexto deve e tem de ser tido em conta. Tal como aconteceu nas cadeiras de Antropologia ou Teorias de Comunicação, tem de se ter em atenção que não somos especialistas dessas área e que o que deveremos levar dessas cadeiras são conhecimentos genéricos e não um saber detalhado e altamente aprofundado (para isso, teríamos ingressado em cursos superiores da especialidade).
Em adição a isto, visto não serem obrigatórias noções prévias de Matemática ou Economia antes de ingressar nestes cursos, este facto tem der considerado durante as aulas. Os docentes não poderão partir do princípio de que todos os discentes têm já bases anteriores neste campo, devendo leccionar de forma a que todos consigam acompanhar e entender aquilo que está a ser explanado.
Conjuntamente a todas as preocupações já expressas até agora, atentamos também para o facto de, no semestre passado, a nota mais elevada obtida à cadeira ser um 14. Será este facto normal numa escola onde facilmente se encontram cadeiras onde são atribuídas classificações superiores a 17? A juntar a isso, foram muitos (senão a maioria) os alunos que obtiveram classificações inferiores a 6. Será também este facto normal? Pegando num caso específico, chamamos similarmente a atenção para o facto de, na turma A do 2º ano de Publicidade e Marketing, apenas um aluno ter passado à disciplina. Será que todos os alunos que constituem esta turma têm uma má relação com os números e se descuraram ou será que o problema não se restringe somente aos estudantes? Estes dados, embora particulares, dizem muito sobre o panorama geral da cadeira de Análise Económica e é impreterível que se levantem questões e se apurem responsabilidades.
Sem mais nada a acrescentar, terminamos esta carta com a esperança de vermos as nossas reivindicações atendidas, de maneira a conseguirmos corrigir algo que nos angustia e preocupa.
Qual a sua opinião?
