Petição EM DEFESA DA JUSTIÇA E DO BOM GOSTO
Para: Alunos, Ex-Alunos, Docentes e Interessados
EM DEFESA DA JUSTIÇA E DO BOM GOSTO
Será condenação, a do génio, ver-se reconhecido e relembrado a tão tardias horas, quando lhe é já impossível o gozo pleno do seu merecido prémio?
Será prezável o sofrimento e a indignação que brotam a jorros dos corações esquecidos?
Pesarosa fortuna, a daquele que funde seu nome a outro maior, e dele não tira partido, definhando, pobre e tímida flor, à sombra da indiferença.
Por isso peço, Portugueses, soltai vossas poderosas vozes! Animai-vos de alma plena! Chegou o momento de pelejar a favor de tão formosa flor, que se vê definhar brutal e irreparavelmente, tão grande é o pé que a oprime.
Levantai vosso pé!, e assinai esta sentida petição, para que se faça, oh Pátria!, plena justiça.
Alma viva jamais carregou, de ombros cravejados de feridas, o nome da Escola Superior Artística do Porto tão alto, como o fez, roçando a perfeição, Diogo de Sousa.
Inebriante discípulo, encantador companheiro, não poucas vezes embriagou a massa pensante do já citado estabelecimento com notáveis e ilustrados ditos, jocosidades, ou simples demonstrações do mais singelo afecto, nunca regateado, ou aplicado para préstimo próprio (o que, aliás, considera com a mais profunda náusea, de ridículo e extravagante).
Tudo isto é pouco para espelhar com justa medida semelhante índole, entusiástica, mas parcimoniosa; consagrada, mas disponível; cândida, mas justa.
Será condenação, a do génio, ver-se reconhecido e relembrado a tão tardias horas?, volto a colocar esta miserável questão nos vossos lábios, já sedentos de rectidão.
Não mais vos atormento, pois acredito que não há já coração que não chore lágrimas de sangue e indignação, perante semelhante exposição de tão notável personalidade, e de suas respectivas agruras.
Defendamos a justiça, e assinemos esta petição, para que se afixe o retrato de Diogo de Sousa no Estúdio da instituição que tão bem representou.
Assinai, Portugueses!, para que vos possais ainda chamar de justos no juízo diário, que, com certeza, fareis a vós mesmos.