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Petição A desumanidade dos Reality Shows de Perda de Peso

Para: Ministério da Saúde, Ministério da Educação

«Uma consequência maior da criação do nevoeiro (ou do «irreal» imperceptível) é o afastamento do real apresentado – do presente do telespectador; que será contaminado em seguida por esse regime de irrealidade.»
José Gil, filósofo, in Portugal, Hoje: O Medo de Existir, 2008

Regra geral, não estamos habituados a pensar criticamente sobre as informações que nos chegam, através da televisão, dos jornais, das rádios… e na maior parte das vezes, como que para poupar recursos e energia cerebrais, aceitamos de bom grado as ideias, os «factos» e as propostas que estas transportam, à velocidade da luz. Cremos fielmente na fonte, como se esta se regozijasse de uma autoridade inata. E sobretudo, essa nossa crença torna-se cada vez mais forte sempre que alguém da praça pública a vem defender.

Muitos de nós temos conhecimento do abuso e da propagação da indústria dietética e das estratégias pouco convencionais, profissionais e éticas de determinadas empresas e até mesmo de associações de renome científico, que compactuam e permitem a divulgação dessa estirpe de informação não saudável, sobre as dietas e o emagrecimento. As mesmas empresas e associações que se mostram preocupadas com os valores, as atitudes e os deveres sociais, são as primeiras a manipular, através da persuasão, a mente e o comportamento de quem os assiste.

Ultimamente, já não se fala só de produtos de emagrecimento e já não se encontram apenas produtos e dietas milagreiras a cada virar de página de uma revista barata. A solução passa agora por reality shows, onde a vida e a doença de pessoas são expostas, nacional e internacionalmente, em condições pouco dignas. Teoricamente, estes reality shows apelam a uma filosofia de vida saudável, com base numa alimentação adequada e uma boa dose de exercício físico – até aqui tudo muito correcto e em bom português conseguiu-se «virar o bico ao prego», sobretudo com o recurso e acompanhamento de «profissionais credenciados e qualificados» - contudo, na prática, são também estes programas que oferecem uma realidade deturpada e role models (modelos de aprendizagem) impossíveis de seguir.

Passemos então a exemplos concretos. Nestes programas, as pessoas são isoladas do seu meio e são retiradas da sua rotina diária habitual (e.g. emprego, família) para estarem confinadas a um espaço-comum entre participantes e, portanto, longe da sua rede social (note-se que a carência e a susceptibilidade emocional das pessoas em consequência disto é muito explorada, com o objectivo de disparar audiências). Na vida real, sabemos que isto não é possível ou pelo menos não 100% desejável – o ideal é conseguir que as pessoas aprendam e usufruam do conceito de «flexibilidade», criando horários para todas as suas responsabilidades pessoais (e.g. manutenção da sua forma física, cuidados de saúde), sociais (e.g. cuidar dos filhos, estar com amigos) e profissionais (e.g. cumprir o horário de trabalho, realizar tarefas). Neste sentido, o correcto é CONCILIAR os hábitos saudáveis com as rotinas e deveres das pessoas.

Nestes programas, as pessoas são incumbidas de uma carga de exercício físico estonteante que não é possível reproduzir, mais tarde, na sua rotina habitual – para não falar dos efeitos colaterais e negativos do excesso e abuso de exercício físico ao nível das articulações e músculos. O correcto é apresentar às pessoas o tipo de exercício ideal à sua condição física (note-se que uma pessoa com 150Kg não pode e nem deve fazer, inicialmente, desporto de elevado impacto, pois a sua composição músculo-esquelética pode ser afectada, resultando em lesões) e aconselhar um período de tempo (horas ou minutos) diário ou semanal para a prática do mesmo, com todos os cuidados acrescidos ao nível do vestuário e calçado adequado. Não possível igualmente deixar de referir que estes reality shows mostram, muitas vezes, imagens pouco dignas dos seus participantes (e.g. rabo à mostra por o vestuário não ser adequado), durante a execução das tarefas.

Nestes programas, são ainda ocultadas imagens onde as pessoas cedem ao cansaço, às lesões e, por vezes, vomitam ou adoecem em consequência da carga elevada de exercício físico, da alimentação hipo-calórica (pouco energética), e da pressão psicológica e emocional.

Tendo salientado alguns pontos de vista que considero fulcrais, penso ser necessário repensar algumas questões quanto a estes reality shows, suportados e apoiados por profissionais de saúde e outras figuras públicas:
- será que a «realidade» que nos é oferecida, é realmente saudável e adequada?
- será que estes programas oferecem realmente uma fonte de inspiração correcta?
- será que as pessoas que estão em casa, que sofrem de excesso de peso, não ficarão mais frustradas consigo mesmas após não conseguirem resistir e permanecer numa rotina intensa, mais ou menos semelhante àquela que é estabelecida nos reality shows para perda de peso?
- será digno e humano, o abuso da susceptibilidade, baixa auto-estima e desespero dos participantes?
- será ético os profissionais defenderem este tipo de programas e oferecem-nos a sua autoridade científica, usando a persuasão e a garantia de resultados fantásticos num curto espaço de tempo?

Ter espírito de guerreiro no combate ao excesso de peso é importante. Acreditar no sucesso é importante. Crer, com todas as forças, de que se consegue atingir os objectivos propostos é importante. Prestar informações e dicas saudáveis é importante. Ter espírito crítico é importante...

Abusar da condição física, psicológica e emocional destas pessoas é desumano. É certo que quem participa possui livre arbítrio, mas também é certo que em nome do desespero nos subtemos a coisas hediondas e que deixamos de funcionar racionalmente.

Se concorda e considera importante consciencializar para este aspecto, pf assine e ajude a divulgar.



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Petição A desumanidade dos Reality Shows de Perda de Peso, para Ministério da Saúde, Ministério da Educação foi criada por: Sem Dieta.
Esta petição foi criada em 05 junho 2011
A actual petição encontra-se alojada no site Petição Publica que disponibiliza um serviço público gratuito para todos os Portugueses apoiarem as causas em que acreditam e criarem petições online. Caso tenha alguma questão ou sugestão para o autor da Petição poderá fazê-lo através do seguinte link Contactar Autor
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