Uma alternativa para a não cobertura do Mercado 2 de Maio - Viseu

Há 20 anos Viseu via nascer no local do antigo mercado municipal o renovado Mercado 2 Maio, um espaço que foi remodelado com a assinatura de projecto do reconhecido arquitecto Álvaro Siza Vieira.
Inexplicavelmente numa zona de protecção à Sé e ao Museu Grão Vasco vem agora a autarquia apresentar uma transformação daquele espaço colocando-lhe uma cobertura fotovoltaica, uma estrutura metálica densa, visualmente pindérica, que esconde totalmente a obra de Siza Vieira e desfigura completamente o espaço.

A este efeito de “marquise” e estufa gigante em plena área nobre da cidade a autarquia junta-lhe um custo gigantesco a coberto de um empréstimo que também ele pesará no bolso dos contribuintes e dos jovens viseenses. De um custo inicial de 1 milhão de euros o valor vai já nos 4,3 milhões de euros sendo que os apoios financeiros a fundo perdido para obra da cobertura serão apenas de 2,3 milhões de euros sendo o demais encargo da autarquia.

Em ano de eleições autárquicas e apesar da generalizada censura pública ao município pela inversão de prioridades manifestada pelo esbanjamento de 4,3 milhões de euros no capricho inútil do Mercado 2 de Maio em detrimento das obras necessárias, prometidas e reclamadas no Mercado 21 de Agosto, os viseenses não conhecem o projecto, não foram chamados a pronunciar-se sobre ele, não foram tidas em conta para a elaboração do putativo projecto as opiniões dos comerciantes e utilizadores do Mercado, não é conhecida a posição de Siza Vieira quanto ao mesmo e menos ainda se conhecem os impactos financeiros, económicos e sociais deste “investimento” desmesurado da Autarquia.

Mais ainda, a realização desta obra inviabilizará qualquer reconhecimento por parte da UNESCO relativamente ao centro histórico da cidade e deita por terra todo o trabalho que já tenha sido desenvolvido nesse sentido. Como é que uma obra com assinatura de um dos maiores arquitectos do mundo, com vários prémios internacionais e uma carreira e história única, vai ser destruída, para no seu lugar ser colocada...uma central fotovoltaica?

Assim, o grupo de cidadãos abaixo identificados vem solicitar ao Parlamento que desenvolva as acções necessárias para que o Governo através do IPAR, do Ministério do Ambiente, do Tribunal de Contas e demais entidades com responsabilidades no parecer do processo reanalisem o projecto cancelando o mesmo ou no limite alterando-o se o parecer recolhido do arquitecto Siza Vieira assim o aconselhar.
Em alternativa este grupo de cidadãos sugere que junto das instâncias europeias se consiga financiamento para que Viseu possa em breve dispor de um mercado municipal moderno, arejado, higienizado e sustentávelmente desenhado para cumprir a sua finalidade a favor dos produtores locais, comerciantes e dos Viseenses consumidores.

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